O Brasil teve em média 100 dias secos consecutivos por ano de 2011 a 2020. São 20 dias secos a mais em comparação ao período de 1961 a 1990, o que representa um aumento de 25%.
É o que mostra um estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), feito a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, divulgado no início deste mês. Para efeitos do estudo, considera-se dia seco qualquer período de 24 horas com precipitação inferior a 1mm de chuva.
A pesquisa utilizou dados de 11.473 pluviômetros espalhados pelo país para calcular volumes de chuvas e períodos de seca ao longo das décadas. Além disso, também utilizou informações de temperatura coletadas por 1.252 estações meteorológicas.
Com isso, o Inpe fez análises de temperaturas máximas, ondas de calor e índices de precipitação no Brasil. Os resultados mostram que o aumento da seca foi acompanhado de outras mudanças que tornaram o clima mais extremo no país.
O número de dias por ano com ondas de calor, por exemplo, passou de 7 para 52 em três décadas. As temperaturas máximas aumentaram até 3°C em 60 anos. A região Sul teve um aumento de 30% na precipitação média anual.
Tanto os dados de dias secos consecutivos quanto a precipitação máxima em cinco dias servem para determinar a ocorrência de extremos climáticos, que aumentaram no período estudado.
Os períodos de seca foram mais longos no Centro-Oeste, Nordeste e parte do Sudeste -especialmente no norte de Minas Gerais- na última década, mostra o estudo. Algumas dessas áreas tiveram em média 80 dias consecutivos sem chuva na década de 1960.
Mapa e gráficos elaborados pelo Inpe mostram aumento na média de dias secos consecutivos no Centro-Oeste e Nordeste Reprodução/Inpe A imagem mostra um mapa do Brasil, com representação de dados em cores que variam do vermelho ao amarelo, indicando intensidades ou categorias diferentes. A emissão de gases de efeito estufa explica os períodos de seca mais prolongados, segundo nota publicada pelo Inpe. O pesquisador Lincoln Alves, responsável pela pesquisa, afirmou que o aumento já era esperado, segundo projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – órgão criado no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas) para fornecer informações científicas sobre o clima mudança no mundo.
“O cenário reitera a necessidade de acelerar a ação climática, com medidas escalonadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar às mudanças climáticas”, diz a nota do Inpe sobre o estudo. “Para Alves, o Brasil, por ser um país tropical com setores estratégicos, como agricultura e energia, com alta dependência do clima, precisa urgentemente investir em soluções como captação e armazenamento de água, adoção de culturas mais resistentes à seca e calor, e a promoção de tecnologias sustentáveis para irrigação.”
O pesquisador também falou sobre a necessidade de reflorestar ecossistemas degradados. “A observação dos dados das últimas seis décadas, coletados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), permitiu reconhecer o quanto o clima já mudou”, afirma o instituto.
Os incêndios foram mais rápidos que a ajuda
Como mostrou a Folha de S.Paulo, os 13 boletins divulgados desde o final de junho pelo Ministério do Meio Ambiente sobre a crise dos incêndios mostram que a escalada do fogo no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado ocorreu em uma velocidade muito superior ao aumento do o combate a incêndios realizado pelos governos federal, estaduais e municipais.
Segundo os documentos, de julho até agora a área acumulada queimada no Pantanal triplicou de tamanho, chegando a 2 milhões de hectares – 13,4% do bioma.
Na Amazônia, a área queimada mais que dobrou neste mês de setembro – 11,7 milhões de hectares, ou 2,8% do bioma. O cerrado já teve 12,3 milhões de hectares queimados em 2024, o que representa 6,2% de sua área total, com aumento de quase 40% só nos últimos 15 dias.
O governo Lula cortou 18% dos recursos destinados à transição energética, segundo relatório do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos).
*Informações da Folhapress
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