Um feito histórico. Foi assim que o Brasil encerrou sua participação nos Jogos Paralímpicos deste ano em Paris. Pela primeira vez, o país ficou entre os cinco primeiros medalhistas da competição, atrás apenas da China, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Holanda. Foram 25 medalhas de ouro. Os brasileiros subiram ao pódio 89 vezes.
O Brasil, que conquistou sua primeira medalha paraolímpica em 1976, em Toronto, hoje soma 462 medalhas – 134 de ouro, 158 de prata e 170 de bronze.
Paris também marcou a estreia no pódio de algumas modalidades. Esse foi o caso do triatlo. O atleta Ronan Cordeiro fez história com a medalha de prata. “Mostramos que os sul-americanos têm muita determinação e muita força. E foi apenas o começo.”
Em outros esportes, como a natação, o Brasil se consolidou ainda mais como uma potência paraolímpica. Carol Santiago conquistou mais cinco medalhas em Paris. Agora o atleta soma dez medalhas e é o brasileiro com mais ouro na história. “Eu digo que, antes do movimento paralímpico, eu era uma pessoa incompleta. É uma grande oportunidade para você crescer não só como atleta, mas também como pessoa, como ser humano”, disse o nadador, ainda emocionado.
Outro nome da natação que subiu três vezes ao pódio em Paris foi Gabriel Araújo. Aos 22 anos, ele tem seis medalhas paraolímpicas. Gabrielzinho, conhecido como o “Pelé das piscinas”, também caiu nas graças da torcida e virou sensação. “Havia muita gente no estádio, então isso é muito bom. E de alguma forma consegui me aproximar deles, fortalecer essa relação, esse carinho. E, com essa abordagem, devolver todas as energias positivas que são sempre bem-vindas e estão aí para agregar.”
E Paris também foi palco de conquistas no levantamento de peso. Um dos atletas da modalidade percorreu um longo caminho, ligando Itu, no interior de São Paulo, à França. Mariana D’Andrea prometeu e cumpriu: bicampeã paralímpica. E a medalha teve uma dedicatória especial, seu pai, Carmine D’Andrea, falecido em 2023. Antes de partir para Paris, ela disse: “Prometi que traria a medalha enquanto meu pai estivesse vivo. Ele estava sempre me apoiando, observando. Meu maior apoiador, meu maior incentivador, minha maior inspiração foi ele. Sem sombra de dúvida, tenho que voltar com esta medalha.”
Quase 100% da delegação paralímpica brasileira em Paris – 280 atletas – recebe hoje a Bolsa Atleta. O programa foi criado por decreto em 2004 e entrou em vigor em 2005. Para Mizael Conrado, atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e ex-jogador de futebol cego, o incentivo foi fundamental para o resultado em Paris. “Hoje a Bolsa Atleta é muito significativa, é muito importante, um dos principais instrumentos para o desenvolvimento do esporte no Brasil, porque garante aos atletas a possibilidade de se dedicarem exclusivamente ao esporte.”
A equipe em TV Brasil Acompanhou esses e outros atletas em toda a preparação para os Jogos Paralímpicos. Um ciclo que começou anos antes, como foi o caso de Verônica Hipólito, bronze nos 100 metros. “Eu estava fora dos Jogos há oito anos. Eu tinha não sei quantos tumores no meu cérebro. Você acha que eu pararia de vir? Aqui estou e consegui ganhar essa medalha, que é o bronze, mas ninguém comemorou tanto aquele pódio quanto eu.”
O repórter Lincoln Chaves acompanhou esses atletas durante anos. E atravessou o Oceano Atlântico para ver de perto o triunfo paralímpico brasileiro em Paris.
A história do paradesporto brasileiro e de Verônica, Carol, Gabriel, Ronan e outros atletas paralímpicos será contada no episódio de Caminhos de relatório Brasil Paralímpico, poder em movimentoque vai ao ar nesta segunda-feira (30), às 23h30, no TV Brasil.
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