O empresário ambiental Omar Al Fayed falou pela primeira vez sobre as acusações de agressão sexual contra seu pai, o bilionário egípcio Mohamed Al Fayed. Pelo menos 60 mulheres afirmam ter sido vítimas do ex-proprietário da icónica loja de departamentos britânica Harrods e pai de Dodi Al Fayed, companheiro da princesa Diana que foi morto ao lado dela em Paris, em 1997.
Numa publicação no Instagram, Omar afirmou que Al Fayed era um “pai maravilhoso”, mas que as acusações – reveladas há uma semana pela BBC – colocam em dúvida a “memória amorosa” que ele tinha do pai. A memória de um bom relacionamento com o seu familiar “não me cega de uma avaliação objetiva das circunstâncias”, afirmou o empresário, que defendeu uma investigação “legítima” às acusações, inclusive contra quem possa ter agido para encobrir os crimes. e deixá-los impunes.
“Como este assunto pôde ter sido escondido por tanto tempo e de tantas maneiras levanta outras questões perturbadoras”, disse ele. “Ao longo da história, as pessoas em posições de poder foram muitas vezes protegidas das consequências das suas acções, e a justiça foi muitas vezes adiada ou negada àqueles que sofreram… Acredito firmemente que qualquer pessoa considerada culpada de tais acções repreensíveis, incluindo ter facilitado, permitido ou ajudado a encobrir tais ações, independentemente do seu estatuto, deve ser responsabilizado.”
Omar criticou o que considerou ser uma “ampla cobertura” das alegações das vítimas, embora tenha afirmado que elas e o público “merecem total transparência”.
“Ninguém está acima da lei e todas as vítimas merecem o seu dia no tribunal”, disse ele.
Omar, hoje com 35 anos, ingressou no conselho de administração da Harrods em 2006 e lá permaneceu até 2010, quando seu pai vendeu o negócio. Os advogados das mulheres dizem que assistentes pessoais e outros funcionários da icónica loja fizeram com que Al Fayed cometesse os crimes e escapasse impune. Os atuais proprietários do estabelecimento dizem estar “completamente chocados” com as denúncias e pediram desculpas aos funcionários que se afirmaram vítimas do bilionário.
As mulheres que acusam o magnata, segundo os advogados, “perderam toda a confiança no Harrods”, apelando a “um processo independente e transparente” para avaliar e fazer uma declaração sobre estas acusações. A Polícia Metropolitana de Londres afirma estar a realizar “revisões minuciosas de todas as alegações existentes” apresentadas contra Al Fayed para garantir que “não há novas linhas de investigação”.
Nascido em 27 de janeiro de 1929, em um modesto subúrbio da cidade egípcia de Alexandria, o magnata passou grande parte de sua vida no Reino Unido, onde se tornou dono do Harrods em 1985 e do clube de futebol Fulham entre 1997 e 2013, período em que o time de Londres foi finalista da Liga Europa em 2010.
Al Fayed, que também era dono do Hotel Ritz em Paris e morreu aos 94 anos, vendeu a loja de departamentos em 2010 ao fundo Qatar Investment Authority por 1,5 bilhão de libras (11 bilhões de reais a preços atuais).
A atual direção da loja afirmou na quinta-feira que o antigo proprietário estabeleceu uma “cultura tóxica” na empresa, acrescentando que chegou a “acordos amigáveis” com alguns dos acusadores.
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