Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam sexta-feira em alta entre os vencimentos de janeiro de 2026 em diante, com a curva futura reagindo a dados robustos do mercado de trabalho brasileiro, que mostrou a menor taxa de desemprego em vários anos e geração de vagas formais acima expectativas em agosto.
Na ponta curta da curva, os movimentos foram limitados, com o mercado mantendo apostas majoritárias no aumento de 50 pontos base da taxa Selic em novembro.
No final da tarde, a taxa DI de janeiro de 2025 estava em 10,995%, praticamente estável frente aos 10,996% do reajuste anterior.
A taxa referente a janeiro de 2026 foi de 12,265%, alta de 7 pontos-base frente ao reajuste de 12,196%. O vencimento para janeiro de 2027 foi de 12,305%, um aumento de 9 pontos base frente ao reajuste de 12,22%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 12,36%, ante 12,299%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 12,29%, ante 12,247%.
O destaque no noticiário nacional foi a divulgação dos dados do mercado de trabalho em agosto. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no Brasil atingiu 6,6% nos três meses até agosto, com novo recorde no número de pessoas ocupadas.
O percentual é o menor para trimestres encerrados em agosto da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua iniciada em 2012, segundo dados do IBGE, e igualou a taxa registrada no trimestre encerrado em dezembro de 2014.
O Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil abriu 232.513 vagas formais de emprego em agosto, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número ficou acima das expectativas dos economistas indicadas em uma pesquisa da Reuters sobre a criação líquida de 227.662 empregos.
Dados do IBGE e do Caged reforçaram a percepção de que o mercado de trabalho continua aquecido, o que é um fator de pressão altista sobre a inflação. Em reação, as taxas DI a partir de 2026 aumentaram, mesmo com a queda dos Treasuries no exterior.
Às 9h39, após os números do IBGE, a taxa DI de janeiro de 2027 atingia máxima de 12,32%, alta de 10 pontos-base em relação ao reajuste anterior.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, chamou a atenção para os números positivos do emprego.
“Mais um sinal de que o mercado de trabalho brasileiro está muito aquecido, e que os salários estão subindo, e que isso obviamente preocupa o Banco Central”, disse Gala, em comunicado enviado aos clientes.
No curto prazo, as taxas permaneceram mais próximas da estabilidade. Perto do fechamento, a curva brasileira precificou 73% de probabilidade de o BC elevar a Selic em 50 pontos-base em novembro, contra 27% de chance de uma nova alta de 25 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 72% e 28%, respectivamente.
Pela manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica do município, Diogo Guillen, discursaram em diversos eventos em São Paulo. Os discursos não trouxeram novidades substanciais ao cenário.
Campos Neto reconheceu que o crescimento mais lento da economia chinesa pode ser um problema para os preços das commodities e, consequentemente, para as economias emergentes. Já Guillen defendeu que o cumprimento da meta de inflação contínua de 3% é “completamente viável” e evitou comparar o cenário atual com o passado, quando o objetivo era diferente.
“Antigamente a meta também era diferente, a meta não era de 3%. Então, as expectativas estavam em outro patamar, porque o objetivo estava em outro patamar”, disse Guillen.
No exterior, os rendimentos caíram depois que novos dados mostraram que a inflação nos Estados Unidos continuou a diminuir, aumentando as chances de um corte maior nas taxas de juros na reunião de novembro do Federal Reserve.
O índice de preços PCE, a medida de inflação preferida do Fed, subiu 0,1% em agosto, em comparação com um aumento não revisado de 0,2% em julho e expectativas de 0,1%. Nos 12 meses até agosto, o índice de preços PCE avançou 2,2%, após uma subida de 2,5% em julho.
Às 16h42, o rendimento do Tesouro de dois anos – que reflete as apostas na direção das taxas de juros de curto prazo – caía 6 pontos base, para 3,565%. O retorno do Tesouro a dez anos – uma referência global para decisões de investimento – caiu 4 pontos base, para 3,753%.
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