Fora dos jogos há 15 dias, a Justiça negou pela segunda vez o pedido de liberdade do presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FFMS), Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos. semanas, desde que foi preso na Operação Cartão Vermelho em 21 de maio.
O último pedido de cassação foi rejeitado na última quarta-feira (29), quando o juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal, negou o habeas corpus e manteve Cezário preso. A decisão de hoje (4) foi publicada no Diário de Justiça desta terça-feira (4) após a Justiça manter a prisão preventiva dos três acusados.
Ele e outras seis pessoas, incluindo os sobrinhos de Francisco Cezário, são acusados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de desviar mais de R$ 6 milhões da federação entre 2018 e 2023. Os recursos desviados vêm de repasses à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). ) e o Governo de Mato Grosso do Sul.
Segundo o documento da 2.ª Vara Criminal de Competência Residual, foi decidida a manutenção de Francisco Cezário atrás das grades. Além dele, Umberto Alves Pereira e Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira permanecem presos, aguardando ordens processuais e sujeitos às disposições da lei penal (art. 312 do CPP).
Preso com R$ 800 mil, Cezário estava insatisfeito com seus ganhos
Apesar de ter mais de R$ 800 mil em dinheiro em sua residência e do suposto desvio milionário, o presidente da Federação Mato-grossense de Futebol, Francisco Cezário, estava insatisfeito com sua renda e sempre planejava novas formas de aumentar seus ganhos. .
Um trecho da decisão judicial que decretou a prisão de Cezário, assinada pelo desembargador Eduardo Eugênio Siravegna Junior, destaca uma interceptação telefônica em que Cezário sugere a criação de um projeto para retirar dinheiro das prefeituras, pois não ficou satisfeito com o que recebeu das prefeituras. Governo do Estado e CBF.
“A gente não tem como bolar um projeto para ganhar dinheiro, cara? No interior de São Paulo tem um projeto de times de futebol da prefeitura. Não sei se você conhece esse projeto, Adachito já trabalhou nele, você se lembra ou não?
Do outro lado da linha telefônica estava uma pessoa sobre quem a decisão judicial não forneceu detalhes. Apenas deixa claro que se tratava de alguém identificado como Romeu. E essa identificação foi possível porque o próprio Cezário a mencionou.
“Você entende Romeu? Você está maluco, garoto, precisamos ganhar dinheiro com esse futebol”, disse Cezário. Essa escuta telefônica, realizada com autorização judicial, “denota que a Federação Mato-grossense de Futebol foi utilizada para recebimento de vantagens indevidas, com desvio de recursos públicos”, escreveu o magistrado em sua sentença de prisão.
Só em 2023, a Federação recebeu R$ 1,36 milhão do Fundesporte. A maioria, R$ 1.014.490,00 para a Série A do Estadual. Outros R$ 245.145,00 para o Campeonato Estadual de Futebol Feminino e mais R$ 99.984,00 para a Série B. Para dar um ar de seriedade à prestação Afinal, a Federação devolveu quase R$ 6 mil.
Além disso, a Federação também recebe ajuda generosa da Confederação de Futebol (CBF). Em 2021, por exemplo, foram R$ 2,15 milhões, a quinta maior transferência entre todas as federações do país, embora o futebol local tenha a terceira pior pontuação no ranking da CBF.
Devido à insatisfação com os seus rendimentos, que partilhava com vários familiares, Francisco Cezário também sonegava impostos, o que é outra forma de melhorar os seus rendimentos.
Operação Cartão Vermelho
Na manhã do dia 21 de maio, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, passou sete horas na Federação Sul-mato-grossense de Futebol em ação para acionar a Operação Cartão Vermelho, que visou não só o presidente da FFMS, Francisco Cezário, mas também outros membros de uma alegada organização criminosa envolvida em branqueamento de capitais.
Segundo o balanço, divulgado pelo Gaeco, as investigações começaram há 20 meses e constataram que se instalou na Federação uma organização criminosa que desviou valores recebidos do Governo do Estado (via convênio, subvenção ou acordo de fomento) e da Confederação Brasileira de Futebol ( CBF). O valor desviado foi utilizado em benefício dos envolvidos no grupo, e não foi investido no futebol estadual.
“Uma das formas de desvio foi a realização de freqüentes saques em dinheiro de contas bancárias da Federação Mato-grossense de Futebol FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertar os órgãos de controle, que então se dividiram entre os integrantes do esquema”, diz nota do Gaeco.
Utilizando esse mecanismo, os associados da organização realizaram mais de 1.200 saques, que juntos ultrapassaram o valor de R$ 3 milhões.
A investigação aponta ainda que os suspeitos também tinham esquema para desviar tarifas de hotéis pagas pelo Estado de MS durante jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de desvio se estendia a outros estabelecimentos, todos beneficiários de grandes somas da Federação Mato-grossense de Futebol. A prática consistia em devolver aos associados do esquema parte dos valores cobrados nesses contratos (sejam serviços ou produtos). realizado pela Federação Mato-Grossense de Futebol”, explicou Gaeco.
De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, mais de R$ 6 milhões foram desviados da Federação Sul-mato-grossense de Futebol.
A operação denominada “Cartão Vermelho” cumpriu 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Só esta manhã foram apreendidos mais de 800 mil reais.
Saiba: O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e alude ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar jogadores que cometem faltas graves durante partidas de futebol.
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