A forte seca que ocorre desde outubro do ano passado no Estado gerou prejuízos em praticamente todos os setores da economia. A CCR MSVia, empresa que cobra pedágio na BR-163, porém, diz que faturou mais com a falta de chuvas.
No segundo trimestre deste ano, por exemplo, a receita de pedágio foi 70% superior à do mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais da concessionária.
“Considerando a grande representatividade do agronegócio na região atrelada ao aumento do consumo interno de milho, a Companhia apresentou aumento no tráfego de veículos na categoria comercial e com isso a receita aumentou 69,9%”, informou a empresa em seu relatório trimestral balanço patrimonial.
Dados divulgados pela Aprosoja nesta terça-feira (24) mostram que apenas a segunda safra de milho foi 40,5% menor que a anterior. O volume caiu de 14,220 milhões de toneladas para 8,457 milhões de toneladas – 5,763 milhões de toneladas a menos.
Por conta disso, as usinas de etanol que utilizam milho passaram a comprar o grão de outros estados, como Mato Grosso, e grande parte dele é trazida pela BR-163, acredita o comando da CCR.
Além de “importar milho”, segundo a CCR, “a estiagem na região Norte também fez com que a colheita fosse escoada pelos portos do Sul/Sudeste, impactando positivamente a Companhia”.
No segundo trimestre deste ano, a receita de pedágio nas nove praças atingiu R$ 69,589 milhões, ante R$ 40,953 milhões. Mesmo assim, segundo o balanço oficial, a concessionária continua operando no vermelho.
Só no segundo trimestre, mostra o relatório, o prejuízo contábil foi de R$ 91.852, o que supera inclusive tudo o que foi arrecadado com pedágio. Somando as perdas do primeiro trimestre, as perdas acumuladas no ano chegam a R$ 188,914 milhões.
Além do aumento do tráfego de caminhões, o aumento das tarifas de pedágio é outro fator que ajuda a explicar o aumento da receita. Em agosto de 2023, as taxas foram aumentadas em 16,82%. Menos de um ano depois, em junho de 2024, o reajuste era de 3,69%.
Alternativas
Embora o balanço da CCR tenha vinculado o aumento da receita à seca, o que a empresa não observou é que esse aumento coincide com o início da cobrança de pedágio na BR-158 e na MS-112, na região Nordeste do Estado.
Os números mostram que a cobrança nessas rodovias devolve milhares de caminhoneiros à BR-163. A cobrança de pedágio nas três praças de pedágio da BR-158 e duas da MS-112, no valor de R$ 12,90 por eixo, começou em meados de fevereiro deste ano.
As rodovias serviram como uma espécie de alternativa para os caminhoneiros que iam ou vinham de Mato Grosso e evitavam pedágios nas rodovias federais. Na BR-163, a tarifa mais alta por eixo é de R$ 9,40.
Dados da própria CCR mostram que o tráfego de caminhões no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado aumentou 8,7% na praça de pedágio da BR-163, em Pedro Gomes. No mesmo período, o volume de automóveis de passageiros aumentou apenas 1%, passando de 149,6 mil veículos para 151,1 mil.
Nos meses de abril, maio e junho do ano passado, 191.537 caminhões e carretas pagaram pedágio na região de Sonora. Este ano, o total aumentou para 208.305. Isso significa quase 17 mil veículos pesados a mais no segundo trimestre deste ano.
Se incluídas as nove praças de pedágio, a comparação do número de caminhões do segundo trimestre do ano passado com o mesmo período de 2024 passou de 1,936 milhão para 2,053 milhões, o que representa um aumento de 6%.
Considerando o total de 163 veículos no primeiro semestre face ao mesmo período do ano passado, o aumento é de apenas 2,3%, mostrando que o tráfego de camiões aumentou bastante acima disso.
O crescimento de 6% torna-se ainda mais relevante se for levado em conta o tráfego total de caminhões em toda a BR-163 no primeiro trimestre, que caiu 3,5% em relação ao mesmo período de 2023, passando de 1,971 milhão de caminhões para 1,900. milhão.
NOVOS PORTÁGIOS
Cinco praças de pedágio, instaladas nas rodovias MS-112 e BR-158, começaram a cobrar no dia 11 de fevereiro. A tarifa básica, aplicada a veículos de passeio, é de R$ 12,90,
O Governo do Estado e o Grupo Way Brasil assinaram contrato de concessão da MS-112 e trechos das rodovias federais BR-158 e BR-436 em 23 de março de 2023.
São 412,8 quilômetros de estradas que passam pelos municípios de Cassilândia, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Inocência, Selvíria e Três Lagoas, na região Nordeste do Estado.
As praças de pedágio estão localizadas entre Cassilândia e Paranaíba, entre Paranaíba e Aparecida do Taboado, entre Selvíria e Aparecida do Taboado, entre Três Lagoas e Inocência, entre Inocência e Cassilândia e próximas à ponte na divisa com o estado de São Paulo.
O mesmo grupo empresarial já cobrou pedágio nos 218 quilômetros da MS-306, principal via de acesso ao estado de Mato Grosso. São três pontos de recarga, com R$ 12,20 cada.
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