Uma vitória fora de campo merece destaque entre as conquistas acumuladas neste ano pelo jogador Vinicius Junior. Pela primeira vez na história do futebol espanhol, os insultos racistas foram condenados em tribunal. Os atacantes são três torcedores que, no dia 21 de maio do ano passado, insultaram o craque do Real Madrid durante um jogo no Estádio Mestalla, na cidade de Valência. Eles foram condenados a oito meses de prisão e banidos do futebol por dois anos.
“Esta primeira condenação por racismo no âmbito desportivo é uma vitória para o futebol e para toda a sociedade espanhola”, afirma o advogado Juan José Ríos Zaldívar, responsável pela área processual da auditoria Grant Thornton em Espanha e docente dos cursos de Direito aplicado ao futebol. “É um facto histórico, que divide o desporto entre um antes e um depois”, afirma Esteban Ibarra, presidente do Movimento contra a Intolerância – uma ONG sediada em Madrid que acompanha de perto a carreira do jogador.
O caminho para a condenação foi longo. Tudo começou quando, provocado pelas denúncias de Vinicius Junior, a entidade que coordena os campeonatos de futebol da Espanha – La Liga – começou a levar casos de racismo ao Ministério Público do país. As denúncias já chegavam à Justiça desde 2021, mas não tiveram sucesso.
“Existem duas dificuldades básicas em condenar um torcedor racista na Espanha”, afirma o advogado Ríos Zaldívar. “A primeira é identificar os autores da infração. A segunda é determinar se houve motivação racista. Muitos juízes consideram as infrações como consequência da emoção provocada por uma partida de futebol.”
Na Espanha, diferentemente do Brasil, não existe uma lei específica contra o racismo. Os três torcedores foram condenados com base no artigo 510 do Código Penal. “Pune ataques à dignidade da pessoa por motivos de raça, gênero, religião, orientação sexual, doença e condição social, entre outros”, afirma o advogado Ríos Zaldívar. Os autores reconheceram o crime e pediram desculpas ao jogador e ao clube, o que serviu como atenuante. Não há como avaliar se a pena foi branda, pois se trata de uma punição sem precedentes no contexto espanhol.
Um caso famoso envolveu Nico Williams, jogador negro do Athletic Bilbao. Um vídeo em que um torcedor lhe dirigia insultos racistas foi postado no Instagram e levado a tribunal pela La Liga. Os auxiliares do juiz, porém, pesquisaram as redes sociais do agressor e consideraram que “não parece ser uma pessoa que pretenda incitar o racismo, nem que os gestos feitos tenham a intenção de atacar esse fim”. O caso foi arquivado.
O caso de Nico Williams foi um dos 37 levados pela La Liga ao Ministério Público espanhol. Mais de metade dos casos -20- envolvem Vinicius Junior, de longe a maior vítima de ataques racistas em Espanha. Ou melhor, como ele próprio publicou nas redes sociais após a condenação dos três adeptos do Valência: “Não sou vítima de racismo. Sou vítima de racistas”.
Para que o caso tivesse o desfecho esperado, a La Liga suportou desde o início as custas processuais. O Real Madrid ajudou em um segundo momento – a princípio, o clube espanhol viu com desconfiança o ativismo antirracista do craque, temendo que isso desviasse seu foco do futebol. Na postagem que fez online, Vinicius Junior agradeceu ao clube e à liga.
No mundo do futebol – ao contrário do que acontece no basquete ou na música pop – são raras as estrelas que abraçam causas. Vinicius Junior é uma exceção. Sua equipe trabalha em parceria com a empresa Roc Nation do rapper Jay-Z. A Roc Nation foi responsável por aumentar o número de artistas negros no show de encerramento do Super Bowl, principal evento do calendário do futebol americano. Vinicius Junior já postou em suas redes fotos com Jay-Z e sua esposa, a cantora Beyoncé.
Alguns ídolos de Vinicius Junior estão fora do mundo do futebol. Um deles é o jogador de basquete LeBron James, voz firme contra o assassinato de George Floyd por um policial de Minneapolis. Outro é Jackie Robinson, o primeiro jogador negro a jogar na liga principal de beisebol dos Estados Unidos.
A luta contra o racismo será um dos temas da série sobre Vinicius Junior, que deve estrear no próximo ano na Netflix. Em fevereiro deste ano, a equipe de gravação tentou gravar cenas de um jogo do Real Madrid no Mestalla, que marcaria o retorno do brasileiro ao estádio onde sofreu o ataque que resultaria na condenação de ontem. A direção do Valência proibiu a gravação de imagens.
O documentário deverá mostrar os melhores momentos da Liga dos Campeões de 2024, em que Vinicius Junior marcou um gol na final e recebeu o troféu de melhor jogador do torneio. O drible acrobático que realizou no zagueiro Julian Ryerson, na final contra o Borussia Dortmund, deixou seus companheiros literalmente sem palavras e viralizou nas redes sociais.
Quais serão as consequências práticas de condenar os fãs racistas? “O caso ainda não vai gerar jurisprudência, pois na Espanha isso só acontece quando há referendo do Supremo Tribunal Federal”, afirma o advogado Ríos Zaldívar. “A decisão, porém, será citada em outros processos de racismo, e servirá de exemplo para casos semelhantes, principalmente para jogadores mais jovens e menos famosos que Vinicius Junior”.
*Informações da Folhapress
emprestimo bradesco simulação
simulado pmmg 2023
qual o valor do seguro prestamista da caixa
emprestimo caixa taxa de juros
emprestimo no cartao de credito em salvador
emprestimo bolsa familia online
empréstimo para loas está liberado
emprestimo do auxilio brasil 2023
taxa de juros emprestimo