A americana OpenAI, criadora do ChatGPT, ferramenta generativa de inteligência artificial (IA) mais popular do mercado, planeja reestruturar a empresa e mudar sua governança. A ideia é que a empresa deixe de ser controlada por seu conselho sem fins lucrativos e passe a ter fins lucrativos, segundo fontes. Com a mudança, a startup quer se tornar mais atrativa para investidores.
A mudança na estrutura da empresa, se implementada, representará uma reviravolta no modelo de negócios da OpenAI. Foi fundada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos de pesquisa em IA. Quatro anos depois, criou uma subsidiária, esta com o objetivo de gerar lucro. A ideia, na época, era atrair recursos para financiar pesquisas em inteligência artificial.
Foi esse braço focado em ganhos e rentabilidade que permitiu à Microsoft investir bilhões de dólares na empresa, promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias. Mas o controle sobre a direção da empresa sempre esteve nas mãos da entidade sem fins lucrativos da empresa. OpenAI. Era uma forma de garantir a missão de criar “IA geral segura e amplamente benéfica”.
Agora, segundo fontes das agências de notícias Bloomberg e Reuters, a empresa será transformada numa “corporação de benefício público”, um modelo de negócio que visa promover a responsabilidade social e a sustentabilidade e que lhe permite gerar lucro. Assim, a OpenAI se assemelharia à sua principal rival, a Anthropic, e à xAI de Elon Musk, que são registradas como corporações de benefícios.
A entidade sem fins lucrativos da OpenAI continuará a existir, mas deterá uma participação minoritária nesta nova empresa. De acordo com o modelo em estudo, o CEO Sam Altman receberá, pela primeira vez, uma participação acionária no braço com fins lucrativos. Fontes da Bloomberg afirmam que esta participação será de 7%.
Quando a OpenAI foi fundada, Altman disse que a organização deveria beneficiar amplamente a sociedade, que ele já tinha dinheiro suficiente e que fez o que fez porque amava o trabalho. O executivo disse ainda que o conselho da OpenAI precisava de uma maioria de diretores desinteressados, sem participação na empresa.
Nos últimos anos, porém, o valor de mercado da empresa deu um salto. A estimativa é que, após a reestruturação, seja avaliado em US$ 150 bilhões. Em 2021, um ano antes do lançamento do ChatGPT, valia US$ 14 bilhões.
O plano de reestruturação ainda está a ser discutido com advogados e acionistas e o prazo para a sua conclusão permanece incerto, disseram as fontes. Mas poderá levantar preocupações por parte da comunidade de segurança da IA sobre se a governação da nova empresa será suficiente para garantir o seu objetivo inicial de IA para todos.
“Continuamos focados no desenvolvimento de IA que beneficie a todos e estamos trabalhando com nosso conselho para garantir que estamos na melhor posição para cumprir nossa missão. A organização sem fins lucrativos é essencial para nossa missão e continuará a existir”, disse um porta-voz da OpenAI .
A mudança na governança da OpenAI, se confirmada, ocorre em meio à saída de executivos seniores. A diretora de tecnologia Mira Murati anunciou nesta quarta-feira que está deixando a empresa. Em uma postagem na Plataforma X, ela disse que estava se afastando porque queria criar tempo e espaço para fazer suas “próprias explorações”.
Engenheira nascida na Albânia, Mira desempenhou um papel crucial no lançamento de produtos importantes, incluindo software de imagem ChatGPT e DALL-E.
A saída de Mira, ainda sem data definida, é mais uma na debandada dos executivos da OpenAI desde que Altman foi demitido e recontratado no ano passado. Também na quarta-feira, Altman disse que o diretor de pesquisa Bob McGrew deixará a empresa ao lado de Barret Zoph, vice-presidente de pesquisa que trabalhou em produtos como ChatGPT.
Em agosto, o cofundador Greg Brockman anunciou que tiraria uma licença até o final do ano, e o pesquisador John Schulman partiu para a rival de IA Anthropic. Ilya Sutskever, cientista-chefe da OpenAI, saiu em maio. Com as saídas, restaram apenas dois membros da equipe fundadora original da OpenAI: Altman e Wojciech Zaremba, que lidera as equipes de pesquisa e linguagem da startup.
A empresa conta atualmente com cerca de 1.700 colaboradores, mais do dobro dos cerca de 770 que tinha no final de 2023.
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