Ainda em fase inicial de construção, a Arauco anunciou a ampliação da capacidade produtiva e deverá se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. A empresa do grupo chileno reportou um aumento na capacidade de produção da fábrica de Innocência, passando dos 2,5 milhões de toneladas iniciais para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
Com o crescimento da produção, a unidade fabril superará a recém inaugurada unidade produtiva da Suzano, que entrou em operação no final de julho, em Ribas do Rio Pardo, também no MS, com uma única linha de produção com capacidade para 2,55 milhões toneladas.
O conselho de administração da Arauco aprovou investimento global de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para a construção da unidade em Inocência, primeira fábrica do grupo no país.
O principal fornecedor do Projeto Sucuriú será a empresa finlandesa Valmet, responsável por cerca de 50% da proposta industrial. O escopo do contrato inclui áreas regulares de processo, uma unidade de gaseificação que irá gerar biocombustível para abastecer os fornos de cal da operação, uma caldeira de recuperação química – a maior do mundo em capacidade no setor – e uma caldeira de biomassa.
Segundo o grupo chileno, a fábrica deverá entrar em operação no final de 2027, mas destacou que a data “pode estar sujeita a alterações e possíveis adiamentos que possam ser necessários durante o desenvolvimento do projeto”, que já está em fase de desenvolvimento. fase de terraplenagem.
Segundo o chefe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a fábrica – que já está em construção na cidade de Inocência – dependia dessa aprovação para dar continuidade ao projeto.
“A fábrica já está licenciada e iniciou os trabalhos de terraplenagem, mas dependia essencialmente da definição da tecnologia que iria utilizar e de qual o fornecedor de equipamentos que faria toda a estruturação da obra na Inocência. O que foi aprovado agora pelo conselho de administração foi exatamente a ampliação desta fábrica”, revelou.
“A grande novidade é que Mato Grosso do Sul, que já contava com uma fábrica em Ribas do Rio Pardo com 2,5 milhões de toneladas de celulose, considerada a maior fábrica de linha única do mundo, passará a contar com uma unidade com capacidade ampliada. Então a Arauco anuncia uma fábrica de 3,5 milhões de toneladas, ou seja, entre o projeto anterior e o agora ganhamos uma unidade adicional de um milhão de toneladas”, comemorou Verruck.
INVESTIMENTO
Conforme destacou o secretário, o investimento previsto também foi aumentado para 4,6 milhões de dólares. “Esta é uma notícia relevante para o nosso Vale Celulose, que já se comprovou [detendor] de alta tecnologia, alto desempenho e com significativa expansão da base produtiva florestal. O Estado mais uma vez se consolida como referência mundial com toda essa estrutura da Vale da Celulose, [agora] com o anúncio da Arauco sobre a ampliação de sua capacidade de produção para 3,5 milhões de toneladas”, comentou.
A Arauco vai financiar a fábrica de celulose através da emissão de dívida, da realização de um aumento de capital até 1,2 mil milhões de dólares e com recurso a recursos próprios, informou a empresa em comunicado.
A unidade Arauco será instalada a 50 km da cidade de Inocência, na margem esquerda do rio Sucuriú, região onde a Arauco afirma atuar desde 2009 com manejo florestal e comercialização de madeira.
Innocência está localizada a cerca de 250 km de Ribas do Rio Pardo. A fábrica de Arauco irá gerar mais de 400 megawatts (MW) de energia elétrica, dos quais cerca de 200 MW serão destinados ao consumo interno da unidade industrial e o restante será vendido ao sistema.
A energia excedente – que é suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional. Segundo Arauco, o governo do MS tem uma política industrial e florestal “bem estruturada para o setor” e o Estado tem um clima “muito favorável” para o cultivo do eucalipto.
A árvore leva cerca de sete anos para crescer e atingir o ponto de corte ideal no Estado. “É metade do tempo que esta árvore leva para crescer no Chile [12 anos]”, afirmou a empresa.
VALE DA CELULOSE
Atualmente, MS tem capacidade instalada de 4,9 milhões de toneladas de celulose por ano, produzida em três linhas operacionais no município de Três Lagoas, duas da Suzano e uma da Eldorado.
A capacidade de produção do Estado foi ampliada em mais 2,55 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado da Suzano, elevando a capacidade instalada para 7,4 milhões de toneladas por ano.
Conforme já divulgado pelo Correio do Estado, estão previstas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose em Três Lagoas (com capacidade prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano) e da Arauco em Inocência (2,5 milhões de toneladas por ano). .
A reportagem informou ainda, na edição de 4 de maio, que os municípios de Figueirão e Alcinópolis são apontados como possíveis locais para instalação de uma nova indústria de celulose em Mato Grosso do Sul.
Atraída por incentivos fiscais, localização estratégica e ambiente favorável, a implantação de um novo megaprojeto fortalecerá ainda mais a Vale da Celulose.
Embora ainda não tenha sido confirmada, a nova unidade seria o resultado de negociações com a multinacional Portucel Moçambique, empresa controlada pela portuguesa The Navigator Company. Outra possível nova fábrica seria da Bracell, prevista para a região de Água Clara.
“O anúncio da Arauco está dentro do plano estratégico de desenvolvimento da indústria de base florestal em Mato Grosso do Sul.
Anunciamos recentemente o pedido de licenciamento da Bracell para o município de Água Clara. Tudo isso agora dentro de uma estrutura muito bem planejada, com avaliação dos impactos sociais e medidas que o governo, a empresa e a prefeitura terão que tomar para viabilizar a implantação da indústria e, obviamente, garantir a necessária benefícios.
Promoveremos a prosperidade e o desenvolvimento, bem como a inclusão dos municípios e das pessoas que vivem e trabalham no MS”, finalizou Verruck.
O economista Eduardo Matos avalia que a instalação de novas fábricas de celulose promove o desenvolvimento em todo o Estado.
“É importante mencionar que quando uma grande indústria se instala em uma localidade, antes mesmo de iniciar suas operações, ela atrai uma série de outros empreendimentos, pois haverá um aumento no fluxo monetário. Isso cria oportunidades para diversas empresas, sejam elas fornecedoras diretas ou indiretas da fábrica, além daquelas que atendem novos trabalhadores. Dessa forma, o fluxo circular de renda é fortalecido”, comenta.
2,5 milhões de hectares
A área de florestas plantadas tem crescido vertiginosamente em Mato Grosso do Sul. A expansão das fábricas de celulose explica a expansão dos campos destinados ao eucalipto, principalmente na região Leste do Estado.
Atualmente, a área destinada ao eucalipto é de 1,480 milhão de hectares, número que deve chegar a 2,5 milhões nos próximos anos. Dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) indicam que Mato Grosso do Sul possui a segunda maior plantação de eucalipto do país.
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