O Papa Francisco, que está em visita oficial a Luxemburgo, alertou nesta quinta-feira (26) contra “os caminhos trágicos da guerra” e insistiu na importância das negociações e do diálogo, num cenário internacional extremamente tenso.
O pontífice de 87 anos, que se desloca em cadeira de rodas ou com ajuda de bengala devido a dores nos joelhos, chegou ao Luxemburgo, visivelmente cansado, para uma visita europeia de quatro dias que incluirá também uma paragem na Bélgica.
No seu primeiro discurso às autoridades, representantes da sociedade civil e do corpo diplomático do país, o papa argentino lamentou “o ressurgimento, inclusive no continente europeu, de divergências e inimizades que (…) resultam em hostilidades abertas, com as suas consequências de destruição e morte.”
“Parece que o coração humano nem sempre sabe preservar a memória e que periodicamente se desvia e regressa aos trágicos caminhos da guerra”, acrescentou o pontífice, que apelou a “negociações honestas com o objectivo de resolver as diferenças”.
Francisco, que frequentemente denuncia as consequências do que chama de “Terceira Guerra Mundial em pedaços”, não mencionou a Ucrânia ou a Rússia, nem o conflito no Médio Oriente. Na quarta-feira, ele chamou a “terrível escalada” no Líbano de “inaceitável” e apelou à comunidade internacional para fazer todo o possível para acabar com a crise.
Depois de destacar o papel do Luxemburgo na construção de uma “Europa unida e solidária”, o pontífice insistiu no papel de cada país para evitar “divisões, contrastes e guerras provocadas por nacionalismos exasperados e ideologias perniciosas”.
O papa desembarcou no aeroporto Findel, em Luxemburgo, pela manhã e foi recebido pelo Grão-Duque Henri, pela Grã-Duquesa María Teresa e pelo Primeiro Ministro Luc Frieden.
A bordo do avião, Francisco não cumprimentou os jornalistas um a um, como é tradição. “Não me sinto” (capaz), explicou, parecendo cansado. O jesuíta argentino contraiu gripe no início da semana.
A visita acontece menos de duas semanas depois da viagem mais longa do seu pontificado, um percurso de 33 mil quilômetros em 12 dias por quatro países do Sudeste Asiático e da Oceania.
Esta é a primeira visita papal ao Luxemburgo desde 1985, quando João Paulo II celebrou uma missa na capital do país para 60 mil fiéis, a maior da história do país.
Desde então, a população do pequeno Grão-Ducado duplicou, nomeadamente devido à atracção do seu centro financeiro. Situado entre a Bélgica, a Alemanha e a França, o Luxemburgo tem 654 mil habitantes, dos quais 41% são católicos, segundo o Vaticano.
“O Papa Francisco visita uma sociedade muito diferente daquela que João Paulo II viu”, diz o analista político Philippe Poirier.
“Em 1985, 79% dos luxemburgueses afirmavam seguir uma religião, em 90% dos casos católica, mas desde 2023, a maioria da população luxemburguesa não é religiosa”, explica.
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