A morte do ex-vereador Dinho Vital, ocorrida no dia 8 de maio, durante uma concentração em uma fazenda próxima ao município de Anastácio, a 137 quilômetros de Campo Grande, ganhou mais uma reviravolta nas investigações. Isso porque o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) apoiou a tese de que a vítima não teve chance de defesa e acusou os policiais militares Valdeci Alexandre dos Santos, de 41 anos, e Bruno César Malheiros dos Santos, de 33 anos, por homicídio.
Segundo as investigações, Dinho Vital foi morto com um tiro nas costas, que atingiu seu peito e saiu pelo tórax. Os tiros partiram das armas de policiais militares que, no dia, estavam à paisana em um almoço em uma fazenda na BR-262, comemorando 59 anos de municipalização.
Segundo documentos do Ministério Público, as declarações dos militares e o relatório produzido pela Corregedoria da Polícia Militar contradizem seus relatos. Segundo a análise, o ex-vereador estava ao lado dos policiais, com arma em punho, quando foi baleado.
O laudo da necropsia e a perícia técnica realizada no local alegam que Dinho Vital foi atingido nas costas, quando o projétil trespassou o tórax e saiu pelo tórax da vítima. Outro projétil atingiu a lateral, saindo de baixo para cima.
Ainda segundo a análise, a posição dos atiradores e as manchas de sangue encontradas na estrada e ao lado do corpo de Dinho Vital indicam que o ex-vereador tentou correr na frente do veículo, na tentativa de fugir da polícia.
“Não foram encontrados cartuchos de munição detonados próximos à vítima. Além disso, foram encontrados apenas ferimentos de bala no veículo da vítima, todos da traseira para a dianteira do veículo”, segundo análise do MPMS.
No local foram encontradas oito caixas de cartuchos de munição e, próximo à vítima, foi localizada uma caixa explodida. Segundo o relatório do MPMS, isso descarta qualquer troca de tiros, versão alegada pelos militares durante depoimento. O perito também encontrou buracos na traseira do veículo.
Com base nesta análise da perícia técnica, o Ministério Público denunciou Valdeci e Bruno César por homicídio qualificado, por motivo equivocado, em razão da discussão política que antecedeu o incidente, bem como pela prática do crime por meios que resultaram em comum perigo, uma vez que vários tiros foram disparados na via pública, na presença da esposa da vítima, dificultando a defesa do ex-vereador.
A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com a defesa de Bruno e Valdeci, que alegou que as provas do Ministério Público eram “unilaterais”, sem considerar a versão dos militares. Segundo o advogado Lucas Arguelho, ele informou que irá refutar todas as acusações na Justiça.
“A defesa esclarece que irá refutar judicialmente toda a acusação, provando de uma vez por todas a inocência dos Policiais, destacando que o MPE produziu provas unilaterais, sem dar oportunidades de defesa e contradição aos policiais, ouvindo apenas aqueles que se interessaram pela acusação, porém, no judiciário, as provas não serão omitidas e a real verdade será elucidada de uma vez por todas”
A Corregedoria da PM inocentou os policiais.
As autoridades dos disparos que no dia 8 de maio resultaram na morte do ex-vereador Wander Alves Meleiro, Dinho Vital, 40 anos, de Anastácio, do sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e do cabo Bruno César Malheiros dos Santos foram inocentadas pela Corregedoria. da PM.
Segundo dados da Corregedoria da Polícia Militar, a reação de um cachorro foi fundamental para que a investigação interna chegasse a essa conclusão. A morte ocorreu às margens da BR-262, próximo a um posto de gasolina. Há várias câmeras nesta estação, mas nenhuma delas registrou com precisão a cena do tiroteio.
Um deles, porém, registrou a reação de um cachorro que estava dentro da delegacia e com base nisso a Corregedoria da PM chegou à conclusão sobre o exato segundo em que ocorreram os tiros, contrariando a versão da esposa da vítima, que A polícia já teria chegado atirando e não teria dado a ele a oportunidade de se render.
“Para saber exatamente a hora, com precisão de segundo, em que foram disparados os tiros, que culminaram na morte de Dinho Vital, precisamos utilizar a câmera de segurança 10 do Posto Taquaruçu, pois as câmeras captaram apenas imagens, sem som ambiente Câmera 10 está em uma sala com chão branco, onde está deitado um cachorro preto, que tem capacidade auditiva maior que a dos humanos, destacando que o som percorre uma distância de 350 metros por segundo, portanto, às vezes 16 horas 59 minutos e 55. segundos o cachorro levanta a cabeça, se levanta, sai da sala e se posiciona em frente ao local onde foram disparados os tiros, então os funcionários do posto correm assustados e ficam perto do cachorro”, diz parte do texto do inquérito da PM.
A seguir, diz a Corregedoria, que com a “análise criteriosa das imagens da câmera 02 do Posto Taquaruçu, constata-se que entre a passagem do Toyota Etios (no qual estavam os PMs) ao lado do Fiat Toro (no qual foi a vítima) e o início do tiroteio, aproximadamente 29 segundos”.
E, “esse tempo de 29 segundos contradiz o depoimento da dona Marilene, pois em seu depoimento ela afirma que durante a conversão do Toyota Etios os ocupantes começaram a atirar”. Marilene estava próxima ao local onde o marido foi morto e aparece em outras câmeras de segurança desta delegacia.
Os policiais, porém, garantem que pararam o carro atrás do caminhão em que viajava o ex-vereador, pediram que ele se rendesse e só começaram a atirar para se defenderem de uma suposta tentativa de ataque de Dinho.
E para confirmar a versão de que não chegaram atirando, um deles ainda relatou que não tinha munição na arma e que só a carregou após estacionar o veículo.
FIM DA FESTA
A morte ocorreu após uma discussão em uma festa que acontecia em uma fazenda no aniversário de Anastácio. Nesta festa, devido a uma discussão sobre sucessão municipal em Anastácio, o ex-vereador e ex-prefeito Douglas Figueiredo discutiu e Dinho Vital acabou sendo “expulso” após briga generalizada.
Mais tarde, porém, ele voltou armado e permaneceu na rodovia, próximo ao local da festa. Alertados, os dois policiais, que estavam na festa, afirmam que tentaram conter o ex-vereador, pois supostamente havia o temor de que ele pudesse atirar em Douglas Figueiredo.
Na versão de familiares e amigos da vítima, esses dois policiais estariam no local atuando como seguranças de Douglas Figueiredo, que pretende se candidatar à prefeitura de Anastácio. A Corregedoria, porém, recebeu depoimentos de 34 pessoas e 29 delas negaram a versão de que os PMs eram seguranças do pré-candidato.
PRISÕES
Devido à morte, os dois policiais pediram afastamento das atividades e no dia 17 de maio foram presos. O pré-candidato Douglas Figueiredo (PSDB) também foi preso no mesmo dia, por porte ilegal de arma. Menos de 24 horas depois, porém, ele foi liberado. Os PMs, porém, continuam presos.
Em seu despacho, o juiz Luciano Pedro Beladelli deixou claro que os mandados são para buscar possíveis provas que possam comprovar a ocorrência de crime político.
A DEFESA
Em nota, o advogado Lucas Arguelho Rocha, que defende os PMs, informou que “a defesa ainda não tomou conhecimento da integralidade dos resultados das investigações no âmbito do Inquérito Policial, porém, sempre acreditou e confiou plenamente que a verdade real emergiria, especialmente quando houver uma investigação imparcial, imparcial e justa”.
Desde o início, segue a nota: “a defesa sustenta que os PMs agiram no estrito cumprimento do seu dever legal e salvaguardados pela legítima defesa, além de que nunca exerceram a segurança privada de qualquer autoridade ou ex-autoridade naquele ambiente festivo , e o resultado disso é esclarecido e elucidado com a conclusão das investigações.
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