Edital para concessão de rodovias na região Leste do Estado foi publicado ontem; leilão acontecerá em dezembro, na B3
As obras de requalificação das rodovias que compõem a Rota da Celulose, no Mato Grosso do Sul, só devem começar a ganhar corpo a partir do segundo ano de contrato com o vencedor do leilão que será realizado em dezembro. Essas obras podem levar até sete anos para serem concluídas. Porém, os pedágios nas 12 praças do trajeto deverão começar a ser cobrados a partir do 13º mês após a assinatura do acordo.
Os dados são de documentos concorrenciais, divulgados ontem pelo governo do Estado. No total, são 870,3 km a serem concedidos à iniciativa privada em trechos das BRs 262 e 267 e das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395.
De acordo com a tabela que detalha os trechos e datas das obras obrigatórias a serem realizadas pela empresa vencedora da licitação, a duplicação da rodovia será de 129,93 km na BR-262 e mais 13,50 km na BR-267.
O início das obras está previsto para dois anos após a assinatura do contrato. Alguns trechos levarão ainda mais tempo, sendo feitos apenas no sétimo ano após a pactuação do documento entre o governo do Estado e o vencedor do leilão.
O trecho que demorará mais para sair do papel é o de Três Lagoas, na BR-262: serão 31,4 km que serão construídos apenas entre o sexto e o sétimo ano.
A prioridade para duplicações está no trecho entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, também na BR-262, onde a via dupla termina bem em frente à fábrica de celulose Suzano. Neste trecho da rodovia, as obras começam no segundo ano e terminam no quarto ano de concessão.
Além dos 129,93 km da BR-262, há também as obras de readequação que a empresa deverá realizar no trecho de 3,20 km que já está duplicado na saída Campo Grande. No caso dos 13,5 km da BR-267, o vencedor da licitação só deverá iniciar as obras a partir do quarto ano de contrato, enquanto o término do projeto dessa infraestrutura rodoviária está previsto para o sexto ano. Esse trecho de pista dupla está localizado na divisa de Bataguassu com o estado de São Paulo.
Ao longo deste período, os motoristas que passarem pelas praças de pedágio já estarão pagando à concessionária. Isso porque o estudo da concessão não estabeleceu obras de qualificação asfáltica como contrapartida à cobrança – apenas deu prazo de 13 meses.
Com isso, de acordo com o documento de concessão publicado pela Secretaria de Parcerias Estratégicas (EPE), do governo de Mato Grosso do Sul, as únicas obras previstas para o primeiro ano são o Atendimento ao Usuário (SAU) e os postos de atendimento da Polícia. Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Rodoviária Militar (PMR).
Numa comparação simples, quando a BR-163 foi concedida pelo governo federal em 2014, uma das cláusulas do contrato previa que a concessionária só poderia começar a cobrar pedágio quando pelo menos 10% da rodovia fosse duplicada. Com isso, a CCR MSVia só começou a cobrar em setembro de 2015, quase um ano e meio depois de iniciar as obras na rodovia e ter dobrado 150 km.
PORTAGEM MAIS CARA
Relatório de Correio Estadual destacou que o valor do pedágio ao longo dos 870 km da Rota da Celulose será pelo menos 60% superior ao cobrado atualmente ao longo dos 847 km da BR-163. A diferença, porém, pode chegar a 100% caso não haja desconto no leilão marcado para 5 de dezembro, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
Embora o principal critério para escolha da empresa vencedora seja a menor tarifa de pedágio, o edital do leilão de concessão de 870 km de rodovias no Mato Grosso do Sul limita a 20% a taxa máxima de desconto que os interessados podem oferecer sobre o teto. estipulado pela administração estadual.
Ontem foi publicado o edital deste leilão, que foi antecipado em uma semana. Segundo o documento, aprovado nesta sexta-feira, o valor máximo para trechos de faixa única será de R$ 0,1613 por quilômetro.
No caso de faixa duplicada, o teto será de R$ 0,2258 por quilômetro. No total, serão 143,43 km de duplicação entre Campo Grande e a fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo; entre Bataguassu e o distrito de Nova Porto Quinze, próximo à divisa com o estado de São Paulo; e em Três Lagoas.
Portanto, se houver desconto de 20% nesses valores, o motorista de automóvel de passeio terá que pagar R$ 119,2 para percorrer os 870 km, o que representa um custo médio de R$ 0,1370 por quilômetro. Porém, se não houver desconto, o custo ficará em torno de R$ 149 ou R$ 0,1712 por quilômetro, em média.
Para efeito de comparação, ao longo dos 847 km da BR-163, o condutor de automóvel de passeio é obrigado a pagar R$ 72,10 nas nove praças de pedágio. Isso equivale a R$ 0,0855 por quilômetro rodado. Essa conta, porém, desconsidera os 160 km duplicados. Mas se esta variante fosse considerada, a diferença seria ainda maior que os 60% ou 100% simulados com ou sem desconto.
(Contribuição de Neri Kaspary)
R$ 15,20 Maior valor de pedágio no trajeto
O estudo de viabilidade técnica da concessão da Rota da Celulose indicou que o valor do pedágio a ser cobrado nas rodovias varia de R$ 4,70 a R$ 15,20, sem contar o desconto de até 20%.
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