Gabriel De Capitani, 31 anos, optou por morar no exterior. Sem destino fixo ou residência em terra. Ele fez do sonho de muitos a sua realidade. Descobriu a navegação aos 11 anos e viveu num barco durante sete anos. Ele é apaixonado pelo mar. Ele fazia com que quem se apaixonasse por ele sentisse o mesmo. E ele faz desta paixão mais do que um meio de “ganhar a vida”: é um meio de viver a vida.
O capitão do veleiro Touché será um dos participantes do 35ª edição da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha (Refeno)que acontece no sábado, no Marco Zero, Bairro do Recife. Ao lado dele, estarão mais sete tripulantes, com seis beliches que foram vendidos a pessoas que partilham o mesmo desejo de aventura marítima, bem como uma empresa especial que faz com que “partilhar o mesmo barco” seja mais do que uma figura de linguagem.
A paixão
“Fui advogado em São Paulo. Nos conhecemos em uma festa beneficente, nos apaixonamos e o Gabriel me presenteou com essa oportunidade incrível de morar no mar. É difícil explicar essa paixão em palavras”, disse Carolina Olo, 28 anos, namorada de Gabriel há um ano e que mora com ele no barco há três meses.
“Eu sabia que não ia morar em São Paulo. Nunca soube morar em terra. Mas não sei quem é mais maluco: eu que resolvi morar no mar ou ela que abriu mão de tudo para ficar comigo” , ele brincou. Com o companheiro de vida (e de trabalho), os dois ficarão à frente de um Bruce Farr 44, de 1989, com espaço para duas suítes e quatro beliches. O barco compete contra o Refeno na categoria Bow-Bico B.
Não há como voltar atrás
A admiração de Gabriel pelo mar é antiga. “Eu surfava e quando abriu uma escola de vela em São Sebastião (a 56 quilômetros de distância), vi a oportunidade de aprender a velejar. Fui o único de uma turma de 20 pessoas a passar. e me ajudou, dos 11 aos 16 anos, reformando um barco de 28 pés, até tentei fisioterapia, estudei medicina, estudei nutrição por dois anos, mas percebi que o que eu queria mesmo era morar no mar”, ele. disse, um natural. de Ilha Bela, litoral norte de São Paulo, com a experiência de já ter navegado por lugares como Antártica, Malvinas e Ushuaia (Argentina).
A essa altura da história, já fica claro que Gabriel não costuma guardar para si a paixão pelo mar. O velejador tem uma página no Instagram (@sailingtouche) e um canal no YouTube (youtube.com/sailingtouche), mostrando um pouco da rotina de quem tem as águas como paisagem cotidiana.
“As redes sociais são um pouco contrárias a quem vive no mar. Você quer sair dessa ‘loucura’, mas ao mesmo tempo é isso que traz as pessoas para essa vida, divulgando o que fazemos”, explicou.
Como toda competição, o comandante, em seu quinto Refeno, quer chegar a uma boa colocação. Mas para o entusiasta da vela, o prêmio já estará esperando por ele na chegada, independente da posição.
“Navegar é uma das coisas mais incríveis de se fazer. Traz uma sensação de conquista dos tempos da navegação antiga. Tira você da sua zona de conforto e dá uma sensação de pertencimento ao meio ambiente. Você pode até se sentir vulnerável, mas vai fazer você valorizar ainda mais as coisas. Faz você se sentir vivo”, acrescentou.
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