Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Depois de se aproximar de 5,60 reais pela manhã, desacelerou no Brasil nesta segunda-feira, mas ainda assim encerrou o dia com leve alta, na segunda sessão consecutiva de ganhos devido às dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,26%, cotado a 5,5352 reais. Em setembro, porém, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,79%.
Às 17h27, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,31%, a 5,5405 reais na venda.
A moeda norte-americana atingiu o pico da sessão logo após a abertura, com os preços continuando o forte movimento de sexta-feira. Por trás disto estavam os receios em torno do equilíbrio fiscal.
Na noite de sexta-feira, os Ministérios do Planejamento e da Fazenda apontaram, por meio do Relatório de Receitas e Despesas, a necessidade de aumentar em 2,1 bilhões de reais o bloqueio de verbas dos ministérios para cumprir o limite de gastos deste ano, totalizando uma contenção de 13,3 bilhões de reais. Segundo projeções da equipe econômica, o governo central fechará 2024 com um déficit primário de 28,3 bilhões de reais.
Em conferência de imprensa na manhã desta segunda-feira, o secretário executivo do Ministério das Finanças, Dario Durigan, afirmou que há desconforto na equipa económica do governo relativamente a uma alegada “irracionalidade” na percepção dos agentes económicos relativamente à gestão fiscal. Ele citou “má especulação” em meio a críticas de analistas sobre soluções criativas para contornar restrições nas regras fiscais.
Apesar das reclamações do governo, o mercado continuou a colocar mais prêmios na curva futura brasileira nesta segunda-feira, enquanto o dólar subia para 5,60 reais.
“Há insatisfação de alguns economistas de mercado com a área fiscal do governo. Com isso, o dólar deu continuidade hoje ao movimento de alta visto na sexta”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Às 9h06, logo após a abertura, o dólar à vista registrava cotação máxima de 5,5995 reais (+1,42%).
A partir daí, o dólar começou a perder força frente ao real, com alguns agentes do mercado aproveitando a alta dos preços para vender a moeda norte-americana. Além disso, as declarações do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudaram a aliviar a pressão sobre a taxa de câmbio.
Em Nova Iorque, Haddad reforçou o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal e destacou que as despesas governamentais permanecem dentro das regras do quadro. Segundo ele, o Executivo conseguirá cumprir a meta deste ano para as contas públicas.
“Divulgamos os dados do quarto relatório (bimestral de receitas e despesas) deste ano, mostrando que as despesas estão absolutamente dentro do enquadramento, limitado a um crescimento de 2,5% em relação ao ano passado. Tivemos boas surpresas neste quarto relatório”, disse. .
O ministro afirmou ainda que as projeções da equipe técnica do ministério indicam que o país deverá “subir um degrau” no seu rating no próximo ano, aproximando-se do grau de investimento das agências de classificação de risco.
A descompressão no mercado de câmbio fez com que o dólar à vista atingisse a cotação mínima de 5,5274 reais (+0,12%) às 14h35. Durante o resto da sessão, a moeda quase não se afastou deste nível.
A alta do dólar na sexta e na segunda ocorre apesar de, na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter elevado a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75%, enquanto o Federal Reserve cortou os juros no EUA em 50 pontos base, para o intervalo de 4,75% a 5,00%.
Na prática, o diferencial de juros continua amplamente favorável ao recebimento de investimentos pelo Brasil – o que, em tese, abre espaço para um dólar mais próximo de 5,30 reais, segundo alguns profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias.
Mas, assim como no mercado de DIs (Depósitos Interbancários), os temores em torno da área fiscal levaram a um aumento nos prêmios sobre os ativos brasileiros. No caso do câmbio, isso significa um dólar em patamar ainda elevado.
No exterior, às 17h27, a moeda – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,12%, a 100,900.
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