As aulas no Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) serão retomadas nesta terça-feira (24), informou a assessoria de imprensa da instituição. No último sábado (21), a Polícia Civil realizou vistoria em todo o Pavilhão João Lyra Filho, que fica neste campus Maracanã. Na manhã desta segunda-feira (23), membros da reitoria e da direção da Uerj vistoriaram o prédio.
Foram identificados diversos danos estruturais, como quebra de paredes, portas e pias, além de danos em móveis. Além disso, a universidade identificou que computadores foram abertos e seus discos rígidos (HDs) removidos. Os discos rígidos internos continham informações pessoais confidenciais, bem como dados de pesquisas. A universidade abriu investigação para apurar quem foi o responsável pelas depredações e também pelo desaparecimento dos HDs.
Após 56 dias de ocupação, alunos da Uerj foram retirados do Pavilhão João Lyra Filho, principal prédio do Campus Maracanã, na sexta-feira (20). Eles descumpriram o prazo dado pela Justiça para que saíssem do prédio e, com autorização judicial, a Polícia Militar entrou no local para retirá-los.
Houve confronto, a polícia usou bombas atordoantes, os estudantes retaliaram com pedras. Os estudantes foram até detidos. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) também foi detido ao defender os estudantes.
Reivindicações
Estudantes protestam contra mudanças nas regras de concessão de bolsas e auxílios a estudantes. Exigem a revogação do Ato Executivo da Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxílio alimentação seja pago apenas aos alunos cujos cursos estejam sediados em campi que ainda não possui restaurante universitário. O valor do auxílio alimentação será de R$ 300, pago em parcelas mensais, conforme disponibilidade orçamentária.
Além disso, a lei da Uerj estabelece como limite para recebimento de auxílio e Bolsa de Apoio à Vulnerabilidade Social ter renda familiar bruta por pessoa igual ou inferior a meio salário mínimo vigente no momento da concessão da bolsa. Atualmente, o valor equivale a até R$ 706. Para receber o auxílio, a renda deve ser comprovada por meio do Sistema de Avaliação Socioeconômica.
As novas regras, segundo a própria Uerj, excluem mais de 1.000 alunos, que deixam de atender aos requisitos para recebimento de bolsas.
A Uerj lembra que as bolsas de vulnerabilidade foram criadas no regime excepcional da pandemia e que seu pagamento estava condicionado à existência de recursos. Segundo a Uerj, o auxílio continua sendo oferecido a 9,5 mil alunos, de um total de 28 mil alunos, e todos os que estão em situação de vulnerabilidade continuam sendo apoiados.
Regras de transição
Ao longo da ocupação, ocorreram confrontos entre estudantes e a universidade. Tanto a reitoria quanto os estudantes alegaram falta de espaço para negociações. A Uerj não recuou no ato, mas estabeleceu uma transição até que as novas regras entrem em vigor.
Entre as medidas de transição estão o pagamento de R$ 500 a estudantes que não se enquadram mais nas regras do Bolsa Apoio à Vulnerabilidade Social, o pagamento de R$ 300 em auxílio-transporte e tarifa zero no restaurante universitário ou auxílio-alimentação de R$ 300 em campi nenhum restaurante. As medidas são destinadas a estudantes em situação de vulnerabilidade social e com renda per capita família acima de 0,5 a 1,5 salário mínimo e são válidos até dezembro.
Sem negociação, o caso foi parar na Justiça. No dia 17 foi realizada audiência de conciliação, mas não houve acordo. O juiz ordenou a desocupação da universidade, mas garantiu aos estudantes o direito de reclamação. O juiz também marcou nova audiência especial para o dia 2 de outubro, com o objetivo de buscar um acordo sobre os valores das bolsas e outros auxílios.
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