Pressionado pela crise dos incêndios no Brasil e enfrentando críticas às ações do governo federal no combate aos incêndios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou neste sábado a Nova York disposto a exigir maior engajamento dos países desenvolvidos em ações para mitigar os efeitos da crise global aquecimento.
Assessores próximos ao presidente afirmam que Lula falará com líderes que participarão da reunião da Assembleia Geral da ONU sobre as medidas que têm sido tomadas pelo Brasil para combater e prevenir os incêndios que atingem parte do país, incluindo a Amazônia e o Pantanal .
A agenda de Lula começa neste domingo, como segundo líder a discursar na Cúpula do Futuro. Na terça-feira, o presidente fará o discurso de abertura da Assembleia Geral e, na quarta-feira, fará uma declaração na reunião de chefes de estado e de governo do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo.
Além de mencionar a gravidade do aquecimento global, Lula abordará o conflito na Faixa de Gaza e a guerra entre Rússia e Ucrânia e defenderá as propostas do Brasil no G20, com destaque para a transição energética, o combate à fome e a reforma do sistema global governança. .
No terceiro caso, o governo brasileiro quer ampliar os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com maior espaço para as nações em desenvolvimento — uma agenda de longa data da diplomacia brasileira — e mudanças nas instituições de crédito multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). ). ) e o Banco Mundial.
Encargos externos
Membros do governo afirmam que existe a possibilidade de Lula ser responsabilizado pelos incêndios na Amazônia, no Pantanal e em vários estados. Mas acreditam que a estratégia do presidente brasileiro é mostrar que o Brasil continuará lutando contra os incêndios e mostrar que parte deles é de origem criminosa. Um ponto que deve ser lembrado é a realização, no próximo ano, em Belém, da conferência mundial do clima, COP 30.
Especialista internacionalmente conhecido em aquecimento global, o climatologista Carlos Nobre sugere que Lula diga claramente que o mundo vive atualmente uma emergência climática. Nobre espera também apelar aos países ricos para que contribuam para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas.
— A abertura da Assembleia Geral da ONU será muito desafiadora. Lula tem que ser muito firme ao fazer um apelo a todos os países do mundo para que percebam que a emergência climática chegou — afirmou.
Diretora de Políticas Públicas da The Nature Conservancy Brasil, Karen Oliveira espera que Lula exija os recursos financeiros prometidos pelos países desenvolvidos.
— Esperamos que ele faça isso, mas é preciso demonstrar a eficácia com que esses recursos serão implementados.
O primeiro evento do qual Lula participará, hoje e amanhã, será a Cúpula do Futuro —um evento da ONU sobre compromissos internacionais para as próximas gerações. Aproveitará o momento para defender o multilateralismo e a reforma da governação global. O presidente será o segundo palestrante do evento. Há cerca de dez dias, ele fez uma ligação para a Cúpula.
— Chegou a hora de agir, o Brasil está dando um novo impulso à reforma da governança global na sua presidência do G20. Mas este debate também precisa de ser travado na ONU, o fórum mais inclusivo de todos. Gostaríamos que todos fossem à Cúpula do Futuro com a ambição de promover reformas eficazes — afirmou.
Propostas para o G20
Reuniões bilaterais estão previstas para terça-feira. A lista dos líderes que se reunirão com Lula ainda não foi divulgada. Como acontece desde a criação da ONU em 1945, o Brasil abrirá a Assembleia Geral. Será o momento das principais mensagens de Lula à comunidade internacional.
No mesmo dia, após o encontro, Lula coordenará, ao lado do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, uma mesa redonda sobre democracia. O crescimento da extrema direita no mundo será um dos focos do debate.
Espera-se que Lula faça três discursos enquanto estiver em Nova York, todos sob a égide da ONU. A primeira, na Cúpula do Futuro; a segunda, na Assembleia Geral; e a terceira em reunião de líderes do G20, com convite para participação de países que não fazem parte do grupo.
Em conversas e discursos, Lula buscará apoio às propostas do Brasil no G20. Seu objetivo é chegar fortalecido ao encontro de líderes do grupo, que acontecerá em novembro próximo, no Rio.
Desde que assumiu o cargo, a diplomacia sob a égide do petista tem buscado a relevância brasileira nos grandes temas da agenda internacional, considerada perdida no governo do então presidente Jair Bolsonaro.
Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o Brasil assumiu a presidência do Conselho de Segurança da ONU, como membro rotativo, durante o mês de outubro. A data coincidiu com o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.
Este ano, o Brasil preside o G20 e passará o bastão, em novembro, para a África do Sul. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência temporária dos BRICS (grupo formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e ampliado este ano com a entrada do Egito, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Etiópia) e sediará a COP 30 no Pará.
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