Após se reunir em Brasília com o pré-candidato do PRTB a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse à Folha de S.Paulo que está comprometido com a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas novamente cobrou a indicação de um vice-presidente de Bolsonaro para a chapa.
“Eu disse a ele [Marçal] que tenho compromisso com o prefeito através da nomeação do vice, coronel [Ricardo] Mello Araújo. A esta altura do campeonato não posso apoiá-lo”, disse o ex-presidente nesta quarta-feira (5), mencionando o ex-coronel da Rota filiado ao PL que quer levar ao cargo de vice-prefeito.
Os emedebistas e outros partidos da aliança de Nunes, porém, têm ressalvas em relação ao policial, que consideram um nome que não agregaria tanto à chapa quanto o de mulher, por exemplo. A escolha do vice-presidente foi adiada até o prazo máximo, as convenções entre julho e agosto.
Segundo Bolsonaro, se Marçal estiver no segundo turno, eles poderão conversar novamente. “Até lá estou com o prefeito e o coronel Mello Araújo”, acrescentou.
Durante a visita, realizada nesta terça-feira (4), Marçal, que é conhecido por ser treinador, recebeu do ex-presidente a medalha “imbrochável”, que distribui a amigos e aliados.
Na pesquisa mais recente do Datafolha, Marçal atingiu 9% das intenções de voto. Tem a simpatia dos bolsonaristas e dialoga com o público conservador de direita.
Após a reunião, Marçal disse ao jornal O Estado de S. Paulo que não havia chance de Bolsonaro apoiar Nunes e que a candidatura do prefeito estava secando. Porém, à reportagem da Folha de S.Paulo, Bolsonaro disse que não disse a Marçal que não apoiaria Nunes, pelo contrário.
Após a posição de Bolsonaro, Marçal afirmou não esperar o apoio do ex-presidente. “Agora está claro que a direita do Brasil está descontente com Nunes. Nunes não é de direita. Ele é de centro. E mais de centro-esquerda do que qualquer coisa”, disse ele.
Questionado sobre a possibilidade de aliar-se a Nunes, Marçal disse que a ideia não faz sentido, uma vez que o político vai “desidratar” e “já começou a despencar”.
A reunião foi lida como uma possibilidade de Bolsonaro apoiar o influenciador em vez do prefeito, já que a aliança com Nunes é pontual, com o objetivo de derrotar Guilherme Boulos (PSOL).
Originalmente, Bolsonaro preferia um candidato “Bolsonaro raiz”, como o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), mas desistiu de apresentar um nome e declarou apoio a Nunes seguindo conselhos de aliados fechados com o prefeito, como seu braço-direitista Fabio Wajngarten, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Tanto entre aliados de Nunes quanto entre aliados de Bolsonaro, o movimento de aproximação entre Marçal e o ex-presidente é lido como uma espécie de barganha, que pressiona o prefeito para escolher o vice-presidente de Bolsonaro.
Por outro lado, embora o apoio formal de Bolsonaro a Marçal seja praticamente descartado por quem cerca o ex-presidente, há uma avaliação de que ele pode não se comprometer com a campanha de Nunes, deixando o voto de Bolsonaro livre para fluir para o treinador. .
No Datafolha, 19% dos entrevistados na capital se declararam apoiadores de Bolsonaro.
Assessores de Nunes, que está empatado com Boulos na pesquisa, com 23% e 24%, respectivamente, reduziram o risco de Marçal. Para eles, o eleitor reconhecerá que Nunes, com a máquina na mão e uma aliança de 12 partidos, tem mais condições de impedir a vitória da esquerda, o que atrairá de qualquer forma o voto bolsonarista.
A escolha do vice é um dos imbróglios da pré-campanha de Nunes, que avalia outros nomes além de Mello Araújo, como os vereadores Rute Costa (PL) e Sonaira Fernandes (PL) ou o secretário Aldo Rebelo (MDB).
O MDB deve fazer pesquisas qualitativas para ajudar a decidir quem estará na chapa com Nunes.
Os aliados de Bolsonaro lhe disseram que a escolha deveria caber principalmente ao próprio Nunes, mas o ex-presidente insiste em seu aliado, que nomeou para comandar a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) em seu governo.
Nesta quarta, Bolsonaro também informou que esteve com Marçal por cerca de uma hora e que o treinador está animado com sua pré-candidatura no São Paulo. O ex-presidente afirmou que tem uma boa base nas redes sociais. Marçal tem mais de 10 milhões de seguidores no Instagram.
“Ele cresceu muito naquela luta com [Rede] Globo”, disse o ex-presidente, referindo-se à acusação de Marçal de que caminhões de ajuda ao Rio Grande do Sul estavam bloqueados por falta de nota fiscal. O governo do Rio Grande do Sul negou que tenha havido bloqueio às doações —o desmentido foi relatado pelo canais de TV e imprensa.
*Informações da Folhapress
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