Em fase de estruturação, o projeto de lei complementar que regulamenta a Lei de Gestão e Administração Tributária de Bens e Serviços (IBS), pertencente à proposta de reforma tributária, foi enviado ao Congresso na semana passada. Nele está o Projeto de Lei (PL) nº 108/2024, que define como será o comitê gestor do novo tributo.
A nova comissão será responsável por fiscalizar a arrecadação e distribuição do IBS nas esferas estadual e municipal. Suas funções incluem cálculo de alíquotas, resolução de questões administrativas e colaboração com a Receita Federal. Com muitos detalhes a serem definidos, a operacionalização do novo sistema tem gerado dúvidas e questionamentos quanto à atividade já desenvolvida pelos órgãos fiscais da Capital e do Estado, tendo como alvo principal o trabalho dos fiscais de renda.
A titular da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento (Sefin), Márcia Helena Hokama, levantou o assunto no 15º Congresso de Direito Tributário Constitucional e Administrativo, realizado em Campo Grande. Na altura, destacou que “os funcionários do município trabalham numa lista fiscal de questões cuja incidência é no local de prestação do serviço, que seria modificada, com os fiscais a actuarem apenas nas operações, tendo o seu município como destino, sem preocupam-se com a sede da empresa.”
Sobre a situação, o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, disse durante sua participação no congresso que o município está bem posicionado para fiscalizar a prestadora de serviços.
“Ele pode fazer isso, mesmo que seja do interesse de outros municípios e de outras indústrias dos estados. Na verdade, o modelo visa gerar incentivos para que um ente da federação atue em defesa dos interesses de outros entes da federação”, destacou.
Appy explica que o processo de coordenação, importante dentro do novo modelo, já está previsto no PL nº 108/2024, que detalha o que será feito. Ele esclarece ainda que o município de Campo Grande poderá atuar na fiscalização e ter incentivos para isso, considerando que a multa punitiva será do município, caso haja alguma irregularidade, ainda que a arrecadação beneficie outros estados.
“Cria-se um ambiente que incentiva um ente da federação a cooperar com outro, aproveitando melhor sua posição para poder realizar esse processo de fiscalização”.
Em termos gerais, o secretário extraordinário reforça que o novo sistema vai funcionar, lembrando que o desenho geral já está previsto, enquanto os detalhes dependerão de quando for instalada a comissão gestora.
“A transição propriamente dita para estados e municípios começa em 2029. Até lá, serão feitos trabalhos para colocar de pé esse novo modelo de federalismo cooperativo”, finaliza.
CONDADO
Em Campo Grande, apesar do discurso apaziguador do secretário extraordinário da reforma tributária, o assunto é visto como delicado pela classe que atua no segmento tributário, gerando incertezas que, segundo o secretário da Sefin, só poderão ser melhor esclarecidas com o avanços do novo sistema tributário – que só deverá ser implementado em 2029.
Ao Correio do Estado, Márcia relata que os trabalhos estão sendo realizados normalmente, porém, sem perder de vista o desafio que temos pela frente. Ela destaca ainda que não haverá prejuízo ao trabalho que os fiscais de renda já realizam.
“Quando houver unificação, trabalharemos juntos, para que possamos trazer todo o federalismo, trabalhar em cooperação, uma entidade ajudando a outra. Será um esforço conjunto”, diz ela.
Para o secretário, haverá aumento das atividades com a unificação dos tributos. “Não será mais apenas o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), mas sim o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços [ICMS] também. Da mesma forma, o Estado não vai trabalhar só no ICMS, que vai trazer mais itens para serem fiscalizados, para serem agregados, porque para evitar esse futuro contencioso tributário que temos hoje, temos que focar naquilo que são os nossos deveres” , ele enfatiza.
Porém, Márcia reconhece que há receios quanto à organização do comitê gestor na identificação do que pertence a determinado município ou estado.
“Sabemos que quanto maior o bolo fiscal, maior a receita, mais peso a compensar. Porém, para saber como, basta seguir o caminho até que seja implementado na prática”, finaliza.
O auditor fiscal do município, Igor Alevato, corrobora, acrescentando que o momento exige paciência, considerando que é preciso esperar que as organizações definam as mudanças no ISS, que passará a ser IBS, um imposto sobre o consumo, diferente do que ocorre atualmente.
“Hoje a regra é estar no local do prestador de serviço. Com essa mudança, estamos aguardando para ver como será discutida a questão da fiscalização, como iremos atuar”, declara.
O auditor ressalta ainda que, assim como todo fisco municipal e estadual, aguarda os próximos desenvolvimentos.
Representando os auditores fiscais da Receita Federal em Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindifisco Nacional no MS, Anderson Novaes, informou que a reforma não implicará grandes mudanças para os editores do órgão federal.
O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Mato Grosso do Sul (Sindifisco-MS) e o Sindicato dos Auditores Fiscais do Estado de Mato Grosso do Sul (Sindfiscal-MS) foram procurados pelo Correio do Estado, mas até o final de o relatório que eles não tinham houve uma manifestação sobre o assunto.
Descobrir
O IBS foi criado pela reforma tributária e pretende unificar outros dois tributos existentes: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), cobrados por estados e municípios.
Assine o Correio do Estado
emprestimo consignado para representante legal
itau refinanciamento consignado
consultar contrato banco pan
banco pan empréstimo consignado
emprestimos para militares temporarios
lojas de empréstimo