A empresa de entrega e mercado de alimentos iFood declarou que houve redução na média de horas trabalhadas pelos entregadores do app, de 33,8 horas mensais em 2022 para 31,1 horas mensais em 2023. A informação consta em uma plataforma chamada “Portal de Dados”, divulgada nesta quarta-feira, 19, em evento com jornalistas em Brasília.
O banco de dados contém informações administrativas sobre o perfil da atividade de entrega, o perfil dos entregadores da plataforma e o impacto dos benefícios da empresa. O lançamento acontece em meio a negociações para regular a atuação dos trabalhadores nos aplicativos.
A expectativa dos representantes da empresa é que as discussões sobre a regulamentação da atividade dos entregadores sejam retomadas no próximo ano. O governo enviou ao Congresso Nacional em março deste ano um projeto de lei sobre motoristas de aplicativos que não inclui serviços como iFood e Rappi.
Segundo o “Portal de Dados”, a média de entregadores ativos no iFood em 2022 era de 193,5 mil, enquanto em 2023 esse número subiu para 243,5 mil. Menos de 1% dos entregadores trabalham mais de 180 horas mensais e cerca de 90% deles trabalham até 90 horas mensais, segundo pesquisa da empresa.
Além disso, entre 2022 e 2023, houve um aumento de 9,2% no ganho médio bruto por hora dos entregadores, diz o iFood. Considerando uma jornada média de trabalho de 20 horas semanais, a remuneração bruta seria de R$ 1.901,60 em 2022 e de R$ 2.076,80 em 2023. Com 40 horas semanais, o rendimento bruto médio seria de R$ 3.803,20 em 2022 e de R$ 4.153,60 em 2023 Os valores representam uma renda mensal bruta acima do salário mínimo nacional vigente naqueles anos, R$ 1.212 em 2022 e R$ 1.320 em 2023, destaca o iFood.
Em relação ao rendimento médio por hora, entre 2022 e 2023, o valor passou de R$ 23,40 para R$ 25,50 entre quem trabalha até 90 horas mensais. Entre quem trabalha entre 90 horas e 180 horas, o valor passou de R$ 24,30 para R$ 26,80, e entre quem trabalha mais de 180 horas, de R$ 23,90 para R$ 27. Segundo o iFood, não há cobrança da empresa sobre o ganho dos entregadores.
“Essa divulgação de dados contribui para políticas públicas baseadas em discussões efetivas”, disse o diretor de Políticas Públicas do iFood, João Sabino, ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O iFood diz considerar que o projeto de lei dos motoristas, parado no Congresso, traz “avanços significativos”, como o reconhecimento de que esse trabalho é “intermediado” por essas empresas e que esses entregadores são “trabalhadores autônomos da plataforma”.
Porém, na mesa de discussão, está a proposta de criação de uma plataforma que cruze dados de todas as empresas de aplicativos. A partir daí, então, haveria regulamentação de temas como jornada de trabalho e salário mínimo.
Os representantes do iFood entendem que a média de jornada de trabalho dos entregadores dentro do app é baixa. Além disso, afirmam que as demandas de trabalho são sazonais, com maior frequência nos horários de almoço e jantar.
Por outro lado, a empresa conta com informações do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) que mostram que 52% dos trabalhadores de aplicativos têm a atividade como única fonte de renda, mas de forma multiplataforma, ou seja, em mais de uma aplicação no mesmo dia.
Na prática, um mesmo trabalhador pode fazer uma longa jornada em um dia, mas em aplicações diferentes. A regulamentação desta atividade exigiria, portanto, um acordo no setor para integrar os dados de um mesmo trabalhador em todas as aplicações.
Outro ponto de debate diz respeito à imposição de uma alíquota de contribuição previdenciária de 7,5%, prevista no PL dos motoristas. O iFood afirma considerar o percentual muito semelhante às condições da CLT, o que não seria adequado para trabalhadores autônomos que trabalham poucas horas e recebem integralmente.
“Não cobrar nada do entregador tem implicações. O ganho líquido para o motorista é diferente, porque ele tem que descontar a taxa também. O nosso engloba o valor total”, argumenta Sabino.
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