Investing.com – Com a retomada do ciclo de aumento dos juros no país, taxas mais altas desestimulam o investimento em renda variável como um todo, inclusive em fundos imobiliários (FIIs). No entanto, embora os fundos tradicionais tendam a ser os mais prejudicados, alguns fundos de papel podem beneficiar, segundo os especialistas.
Marcos Baroni, analista-chefe de fundos imobiliários da Suno Research, avalia que o mercado já havia observado que as recentes quedas de alguns fundos imobiliários anteciparam esse movimento de aumento dos juros, o que de fato ocorreu. Para ele, o mercado tende a se estabilizar nos próximos dias até que haja mais clareza sobre a magnitude dos novos aumentos. “Os fundos tijolo sentem mais, porque são mais sensíveis a essas variações das taxas de juros.”
Por outro lado, o especialista considera que nos fundos de papel existiriam dois universos. “Os primeiros são os fundos pós-fixados, indexados, que têm maior indexação em CDI. Com os juros subindo, esses fundos se beneficiam do ponto de vista de rendimento”, detalha Baroni, acrescentando que os fundos que possuem contratos atípicos e de longo prazo deverão manter rendimentos estáveis, crescendo gradativamente com correções contratuais.
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Enquanto isso, para os ativos indexados à inflação, haveria certa dicotomia, no seu entendimento, diante da última leitura de preços e dos indícios de que o aumento não está ocorrendo para conter a pressão inflacionária. “Então, ao mesmo tempo que há uma visão de que existe um risco inflacionário, por outro lado, a última leitura de inflação foi negativa, ou muito próxima de zero. E aí esses fundos que têm maior exposição em , eles ficam nessa situação. No curto prazo eles vão ter esse impacto negativo da inflação, mas no médio prazo a inflação pode subir, e aí vai depender de como será impactado o rendimento”, acrescenta, destacando uma indefinição em relação aos fundos de papel que são mais indexados à inflação.
Para Baroni, as ofertas em fundos imobiliários devem esfriar nos próximos meses diante dos preços atuais e da possível dificuldade dos gestores em vender ativos em meio às altas taxas de juros.
Artur Carneiro, sócio fundador da Éxes, concorda que, apesar das restrições aos empreendimentos imobiliários, o momento é favorável para os fundos de papel. “Com altas taxas de juros e isenção de impostos, essa classe de investimento torna-se cada vez mais atrativa em comparação com outras opções disponíveis no mercado.”
José Alexandre Freitas, CEO da Oliveira Trust, concorda que os fundos tijolo sofrerão juros mais elevados, segundo entrevista. Os fundos de títulos imobiliários e os fundos de rendimento trariam melhores oportunidades, na sua opinião. “Os fundos de renda imobiliária deverão ter efeito positivo no curto e médio prazo, dependendo desses dois fatores. A inflação ajudando o crescimento e uma potencial valorização dos ativos imobiliários em suas carteiras, que estão um tanto depreciados.”
No curto prazo, Jefferson Honório, sócio da Brio Investimentos, espera que os fundos com “aplicações em ativos de crédito, com bons projetos e garantias sólidas” tenham um bom desempenho, enquanto o investidor deve considerar os FIIs tijolo como uma alocação estrutural, “dimensionada de tal forma forma que o investidor possa passar por momentos difíceis e se beneficiar dos bons momentos, numa perspectiva de longo prazo”.
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