SÃO PAULO (Reuters) – O serviço de transporte de passageiros por motocicletas organizado por aplicativo na cidade de São Paulo continua no interesse da 99, que já atua com a categoria em mais de 3 mil cidades do país e conta com o apoio da população de São Paulo pelo serviço, informou a empresa nesta quinta-feira.
A 99, controlada pela chinesa DiDi Global, lançou o serviço em janeiro do ano passado na maior cidade da América Latina, mas acabou recuando poucos dias após o lançamento, em meio à rejeição do governo municipal, que alegou preocupações com a segurança em meio às centenas de mortes anuais no trânsito na capital paulista.
Pesquisa realizada a pedido da 99 pela consultoria Access Partnership no início deste ano mostrou que, na cidade de São Paulo, 59% dos entrevistados afirmaram que usariam serviços de moto por aplicativo se estivessem disponíveis na cidade .
“Temos conversado com a prefeitura. Os motociclistas querem, as pessoas querem”, disse o diretor de comunicação da 99, Bruno Rossini, sobre o serviço de motocicletas baseado em aplicativo.
“A faixa azul é uma inovação bem-vinda que aumentou a segurança das pessoas”, disse Rossini, citando a faixa exclusiva para o fluxo de motocicletas que foi instalada pela prefeitura em diversas vias da cidade, que já atingiu 200 quilômetros de extensão. . .
A 99 opera um serviço de passageiros de motocicletas no Brasil desde janeiro de 2022. A empresa começou em João Pessoa e hoje está presente com o serviço em 3,3 mil cidades do país, com um total de 500 mil motociclistas cadastrados. São Paulo e Brasília são as únicas capitais onde o serviço não está disponível. A rival Uber (NYSE 🙂 também está presente em cidades de todo o país.
No Rio de Janeiro, que interrompeu temporariamente o serviço, a pesquisa afirma que o tempo de deslocamento diário dos usuários foi reduzido em 41% após a implantação do transporte de passageiros por motocicleta, “o que representa 26 minutos a menos por dia ou 105 horas economizadas por ano”.
A pesquisa Parceria de Acesso, que entrevistou 400 pessoas na cidade de São Paulo e cerca de 300 no Rio de Janeiro, não traz dados sobre acidentes, mas Rossini afirmou que “99,9% das corridas terminam com segurança”, citando dados de pesquisas anteriores da empresa.
Segundo ele, isso ocorre devido a mecanismos do aplicativo que incluem alertas sonoros para controle da velocidade percorrida pelo motociclista quando ele está com passageiro e relatórios de corridas feitas pelos usuários da plataforma.
Para a 99, o serviço de moto por aplicativo funciona como complemento ao serviço de transporte de automóveis, que tende a não atender todos os pontos da cidade, devido à recusa dos pilotos de corrida que passam pelas comunidades, por exemplo.
Segundo pesquisa, no Rio de Janeiro 73% dos passeios de moto no aplicativo 99 saem ou chegam em áreas de baixa e média renda e 60% começam ou terminam em áreas sem transporte público.
“A moto complementa o transporte público”, disse Rossini, citando dados de pesquisas que mostram que 35% das viagens começam ou terminam numa estação de transporte público.
Questionada sobre quando será concluída a análise de uma possível permissão ou proibição definitiva do serviço de motocicletas via aplicativo, a prefeitura de São Paulo afirmou em comunicado apenas que “qualquer empresa que ofereça o serviço de transporte de passageiros em motocicletas na capital, seja por mototáxi ou aplicativo, está sujeito a sanções administrativas do órgão, como multa e até inabilitação para operar na cidade”.
Segundo a prefeitura, a decisão de suspender temporariamente o serviço de motocicletas dos aplicativos, tomada por meio de decreto do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes em janeiro do ano passado, ocorreu devido a “preocupações envolvendo a segurança e a saúde da população”. . e o impacto no sistema de saúde pública”. A prefeitura não forneceu dados sobre as análises que podem já ter sido concluídas no estudo.
A Secretaria de Transportes da cidade afirmou que a questão da permissão do transporte de passageiros por motos baseadas em aplicativos “está em estudo” e que “não há prazo” para uma decisão. De acordo com o Departamento de Transportes Públicos de São Paulo (DTP), existem atualmente 8.135 motocicletas na cidade licenciadas para prestar serviços de frete de motocicletas.
A prefeitura do Rio de Janeiro informou que neste ano, até agosto, foram registrados 12.417 atendimentos a vítimas de acidentes de moto em hospitais municipais. Ao longo de 2023, foram 14.718 atendimentos, entre quedas e colisões. A prefeitura municipal, porém, afirmou que “não é possível apurar se as vítimas tinham vínculo com serviços de aplicativos”.
(Reportagem de Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)
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