Por Fabrício de Castro
(Reuters) – As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo deverão sofrer reajustes limitados nesta quinta-feira, segundo profissionais ouvidos pela Reuters, após o Comitê de Política Monetária do Banco Central () elevá-las em 25 pontos-base nesta quarta-feira, para 10,75 % ao ano.
O aumento de 25 pontos-base, segundo profissionais, já era amplamente esperado e estava precificado na curva futura, o que limita os ajustes nas negociações de quinta-feira.
Mesmo assim, o tom da declaração foi considerado hawkish (duro com a inflação), não descartando a possibilidade de aumento de 50 pontos-base na taxa Selic na próxima reunião colegiada, em novembro, caso a evolução da inflação e das expectativas não sejam favorável. .
Para alguns analistas, o tom duro da declaração abriu espaço para uma certa inclinação da curva nesta quinta.
“A combinação do corte de juros em 50 pontos-base hoje… com o fato de o BC ter entregue a alta da Selic e trazido uma declaração falcão ajuda a desacelerar um pouco a curva de juros”, avaliou o economista-chefe da Reag Investments, Marcelo Fonseca.
“Os vértices mais curtos devem se ajustar um pouco para cima, enquanto entre os longos o prêmio cai um pouco”, disse, ao avaliar possíveis impactos na curva brasileira nesta quinta.
Para o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, em tese a dura declaração do Copom poderia de fato sugerir uma inclinação da curva, mas o efeito poderia ser o contrário porque, para ele, já há preços equilibrados para as próximas reuniões do Copom. , em novembro e dezembro.
“O preço para as próximas duas reuniões está em 40 ou 45 pontos base (Selic mais alta) na curva, o que está bem precificado. Então vejo um movimento modesto (nesta quinta)”, comentou Serrano. “Como está bem precificada, as (taxas) short, até meados de 2025, podem até cair um pouco, por conta de movimentações técnicas.”
A chefe de Renda Fixa da XP (BVMF), Camilla Dolle, avaliou que a decisão do Copom desta quarta foi mais precificada do que a do Fed, que cortou a taxa de juros em 50 pontos-base, e não em 25 pontos-base. -base.
“Isso deve ter um efeito maior na curva de juros no exterior, mas aqui também”, disse ela em comentário a clientes, após o anúncio do Copom. “Você pode esperar algum fechamento na parte curta da curva e abertura na parte longa”, acrescentou ela.
INTERCÂMBIO
No mercado de câmbio, profissionais avaliam que o viés para quinta-feira é de queda do real, ainda que com intensidade limitada.
“A elevação dos juros aqui no Brasil somada à queda dos juros nos EUA… faz com que o diferencial de juros (carry trade) aumente e isso, em tese, é positivo para o câmbio”, disse Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, em comentário enviado aos clientes.
“Lembrando mais uma vez que grande parte desse movimento já havia sido antecipado pelo mercado, então o impacto amanhã (quinta-feira) poderá ser reduzido.”
Segundo Fonseca, da Reag Investimentos, o impacto no câmbio desta quinta será, na verdade, limitado, já que a decisão do Copom não surpreendeu.
“O câmbio deveria ter reagido de forma mais significativa hoje, com o Fed. A tendência é que (o câmbio) continue se valorizando amanhã”, avaliou, reforçando que o movimento tende a ser limitado.
(Fabrício de Castro)
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