Investing.com – Com as ações da Vale (BVMF:) em queda desde o início do ano, as incertezas em relação ao acordo envolvendo o rompimento da barragem em Mariana (MG), além da fragilidade do mercado, estariam entre os motivos para a pressão sobre as ações, segundo a Levante Investimentos. O mercado já teria precificado essas diversas desvantagens e receios dos investidores, que antes incluíam a sucessão ao cargo de CEO, mas, com esta resolução, o momento agora tende a ser favorável.
Fonte: Investing.com
Segundo o analista Flávio Conde, mesmo com a resolução dos entraves, a ação ainda pode voltar a registrar valorização, dada a indicação de compra do Levante da mineradora, sem preço-alvo, mas o investidor precisa ficar atento que a ação não deve voltar à cotação patamar entre R$ 80 e R$ 90, na sua opinião.
“A Vale nunca, jamais, voltará a esse nível de minério de ferro de US$ 160. Isso aconteceu em 2022 devido à invasão da Ucrânia e fez com que subisse para US$ 120 e todas as commodities subissem juntas. Então esse é o novo normal, US$ 80 a US$ 100, máximo US$ 110”, considera Conde. A tendência de médio prazo é que o minério fique em torno de US$ 80, entende o especialista.
Entre os factores que pressionam os preços do minério de ferro estão a fraca procura na China, com um sector imobiliário ainda em recuperação, e a queda do preço do petróleo, que seria “o pai de todas as commodities”, empurrando outras para cima ou para baixo. abaixo.
“Os chineses, principalmente, ficam de olho, além da demanda da indústria siderúrgica, ficam de olho no andamento do petróleo. Então, quando ele vê o petróleo caindo, ele, aos poucos, vai repassando isso para o preço do minério também”, explica Conde, que entende que é difícil estimar o preço do minério.
Acordo relacionado ao rompimento da barragem em Mariana
Uma das principais incertezas para os investidores está relacionada ao nível do acordo entre Vale, BHP e Samarco em relação ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco Mineração, em Mariana, no estado de Minas Gerais. Em negociações avançadas, a Vale espera chegar a um acordo sobre o assunto até outubro deste ano.
O acordo de reparação e compensação poderá envolver o pagamento de R$ 167 bilhões, disse nesta segunda-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Esse valor incluiria pagamentos já efetuados, mas também novos recursos a serem gastos e obras das mineradoras.
Conde lembra que a expectativa inicial era entre R$ 80 bilhões e R$ 85 bilhões e os últimos indícios giravam em torno de R$ 100 bilhões, conforme apontou a agência de notícias Reuters.
“Em primeiro lugar, o aumento do valor não é uma boa notícia, mas a resolução do problema é uma boa notícia, porque tanto os acordos de Mariana quanto os de Brumadinho pesaram principalmente sobre os investidores estrangeiros que não gostam de riscos, principalmente riscos de multas, indenizações, etc. Uma vez resolvida definitivamente a situação de Mariana, como será pago e quanto será pago, os investidores estrangeiros voltarão a focar em apenas uma questão, que é o preço do minério de ferro”, espera Conde.
Sucessão – um risco a menos
No final de agosto, a Vale anunciou que Gustavo Pimenta, atual vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, será o novo presidente, trazendo um desfecho positivo, segundo Conde, ao conturbado processo de sucessão. O nome foi avaliado positivamente por ele e pelo mercado dada sua história importante e de sucesso nas empresas.
“Houve uma surpresa muito grande no início do ano, em janeiro, quando o governo, em seu segundo ano de mandato, Lula III tentou colocar o ex-ministro Guido Mantega como presidente da empresa. Algo completamente estranho, porque ele não entende do setor”, lembra Conde.
Para o analista, isso seria “uma interferência totalmente imprevista e injusta, porque, diferentemente da Petrobras (BVMF), onde o governo tem 30% das ações ordinárias, o governo, a União, não tem nenhuma participação na Vale”, destaca Conde, ressaltando que, com a privatização, a Previ teria 8% das ações, mas é um fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BVMF:) e não seria um investimento direto da União.
Sugestão de estratégia do Levante
O investidor pode se defender e aproveitar ao máximo sua posição nas ações da Vale realizando operações cobertas de call e put para ganhar um dividendo extra todo mês, diz Conde.
“Porque se você obtém um dividendo extra por mês de um sintético por meio da venda de uma opção de compra ou compra de uma opção de venda, você está colocando 1% a 2% ao mês do bolso, além dos dividendos de cerca de 8% a 10%, então o o posicionamento na Vale mudou, não é mais de valorização e crescimento, mas de dividendos”, aconselha o analista.
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