RIO DE JANEIRO (Reuters) – Vale (BVMF), BHP e Samarco podem fechar um acordo global de reparação e compensação pelo rompimento da barragem em Mariana (MG) que envolveria pagamentos totais de 167 bilhões de reais, incluindo dinheiro novo, responsável pela obra das mineradoras e pagamentos já efetuados, disse nesta segunda-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“Agora chegamos a 100 bilhões de reais de dinheiro novo, e falava-se em 49 bilhões em 2022…”, disse Silveira, em entrevista à rádio Itatiaia.
A fala do ministro confirma reportagem da Reuters publicada com base em fontes com conhecimento do assunto, no início do mês, de que os novos recursos totalizariam 100 bilhões de reais, em acordo previsto para outubro.
Procurada, a BHP reiterou que continua negociando com o poder público em busca de um acordo definitivo que garanta uma reparação justa e integral aos atingidos e ao meio ambiente.
A Vale e a Samarco não responderam de imediato, mas também reforçaram o seu compromisso com negociações e reparações.
O valor é superior aos 82 bilhões de reais em novos recursos a serem pagos para compensar o desastre, oferecidos na última proposta feita pelas empresas, em junho.
Além disso, o ministro afirmou que as negociações prevêem atualmente que as empresas empenhem 30 bilhões de reais para cumprir obrigações que permanecerão sob responsabilidade das mineradoras. Na proposta anterior, a previsão era de um investimento de 21 bilhões de reais nessas atividades, que incluía, por exemplo, a retirada de resíduos do rio Doce.
“Na verdade, desses 30 bilhões, os recursos estão previstos para compensar outras 250 mil famílias e o presidente Lula tratou desse assunto pessoalmente; o recurso estava entre 18 mil reais por família, aumentamos para 30 mil e é muito possível que o acordo dê este ano”, disse ele.
As empresas dizem ainda ter investido cerca de 37 bilhões de reais em ações compensatórias e indenizatórias, desde o desmembramento até junho.
O rompimento de uma barragem da Samarco, em Mariana, ocorreu em novembro de 2015 e deixou 19 mortos e centenas de desabrigados, ao atingir florestas, comunidades e rios, incluindo o Doce, que deságua no litoral do Espírito Santo.
As negociações envolvem diversas instituições de justiça, poder público, ministérios públicos federais e estaduais (MG e ES), além de defensorias públicas da União, de Minas Gerais e do Espírito Santo, representando as comunidades atingidas.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira)
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