Fantástico faz exposed de Adélia Soares e revela suposto esquema com CPF de pessoas mortas e bilhões movimentados

Adélia é citada em inquérito diferente do de Deolane. O jornalista teve acesso a um documento da Junta Comercial de São Paulo, que mostra que ela é administradora e representante legal da Playflow, com sede em Suzano, Região Metropolitana de São Paulo. A empresa tem parceria com a Peach Blossom, que, segundo o documento, fica nas Ilhas Virgens Britânicas. No endereço da Playflow cadastrado no Brasil, não foi encontrado ninguém relacionado à empresa.

A investigação começou no Distrito Federal, depois que uma funcionária da limpeza de uma delegacia foi vítima de um golpe. R$ 1.800 foram transferidos da vítima para a conta bancária da Playflow. Após a denúncia do funcionário, a polícia descobriu como funcionavam os sites de apostas e para onde ia o dinheiro.

Segundo o delegado do caso, Adélia utilizou documentação falsa para abrir a empresa. “Para uma empresa estrangeira operar no Brasil, há uma série de regulamentações. O contrato precisa ser traduzido por tradutor juramentado, apostila de Haia e nada disso foi feito. É uma empresa ideologicamente falsa“, relatou Érick Sallum.

O esquema

O Domingo também explicou como funcionava o esquema. Primeiro, o apostador entrou na internet e procurou um site de apostas. Para jogar, ele fez o pagamento via Pix. A responsável pelo recebimento do valor foi a Playflow, que enviou o valor para uma instituição de pagamento.

Em seguida, o grupo criminoso pegou esse dinheiro e enviou para uma casa de câmbio, que enviou os valores para fora do país. Porém, para que isso acontecesse, eles precisavam de CPFs de brasileiros, e usaram dados de pessoas já falecidas, filhos e até nomes de pessoas que não existem.

Segundo Sallum, foram detectados cerca de 546 CPFs falsos e um faturamento de R$ 2 bilhões em menos de dois anos. Após a investigação, o grupo de chineses envolvidos no esquema foi intimado. O jornalista também teve acesso a conversas entre a Polícia Civil e um dos investigados.

Na mensagem, ele responde: “Contratamos um escritório de advocacia no Brasil. O nome da advogada é Adélia, ela entrará em contato com você“. Trinta minutos depois, Adélia manda mensagem ao delegado com a intimação e diz: “Olá, boa noite, Adélia Soares, advogada, prazer em conhecê-la. Motivo do meu contato: você esteve em contato com meu cliente“. Na conversa, a polícia questiona se Soares é dona da empresa Playflow, mas ela nega.

“Ao ser confrontada com esta informação, ela começou a dizer que nem conhecia os chineses, contradizendo a sua própria mensagem anterior. E então ela começou a nem responder mais aos nossos chamados. Para a Polícia Civil, foi uma assunção de culpa, abrindo-lhes o direito de apresentar a contradição e o exercício tácito do silêncio“, afirmou Sallum.

Agora o caso corre na Justiça Federal, que vai investigar se ela recebeu dinheiro com jogos ilegais. Com 2,2 milhões de seguidores no Instagram, Adélia é dona de um escritório de advocacia na capital paulista e participou do “Big Brother Brasil” em 2016. Nas redes sociais, a ex-BBB afirma ser especialista em contratos e advogada estratégica para soluções jurídicas é importante para influenciadores e artistas. Entre suas postagens estão vídeos sobre “como fazer sorteios e divulgar sorteios sem ser preso em 2024”.

Por enquanto, Adélia não comentou a reportagem do “Fantástico”. Porém, na última sexta-feira (13), ela enviou uma nota à produção da TV Globo em Brasília. “As acusações feitas contra ela são infundadas e de que ela sofreu um golpe praticado por terceiros, que usaram seu nome de forma inapropriada e criminosa. E que tem pleno conhecimento dos factos mencionados e já tomou todas as medidas legais cabíveis“, declarou.

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