Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O dinheiro avançou nesta sexta-feira, beneficiado pelo alívio na curva de juros, com os agentes financeiros em clima de expectativa para decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil na próxima semana.
Por volta das 11h, o Ibovespa subia 1,3%, aos 135.775,39 pontos. O volume financeiro totalizou 3,08 bilhões de reais.
A Reserva Federal é a primeira a anunciar a sua decisão na quarta-feira, às 15h00, com o mercado ainda relativamente dividido sobre a dimensão do corte das taxas atualmente entre 5,25% e 5,50%.
De acordo com a ferramenta FedWatch da CME, os contratos futuros de taxas de juros nos EUA incluem 53% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual e 47% de chance de uma redução de 0,50 ponto.
No mesmo dia, mas após o fechamento do mercado brasileiro, é a vez do Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar o resultado da reunião de dois dias sobre a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
A maioria das apostas é em um aumento de 0,25 pontos, com os contratos DI prevendo 94% de chance de tal movimento, ao mesmo tempo em que incorporam uma possibilidade de apenas 6% para um aumento mais forte de 0,50 pontos.
Anteriormente, os dados apontavam uma contração da economia brasileira no início do segundo semestre, embora menor que as previsões do mercado, o que corrobora o cenário de desaceleração econômica no segundo semestre.
O IBC-Br, calculado pelo Banco Central e considerado indicador do PIB, caiu 0,4% em julho na comparação com o mês anterior, em dados com ajuste sazonal. Os economistas previram um declínio de 0,9%. Em 12 meses acumula avanço de 2%.
Na visão do diretor de pesquisas macroeconômicas para a América Latina do Goldman Sachs (NYSE:), Alberto Ramos, a economia ainda deverá se beneficiar de fatores como estímulo fiscal e crescimento da renda disponível, mas o ritmo de expansão deverá ser moderado.
Entre os componentes que ajudam a mitigar os efeitos benignos sobre a actividade, citou condições monetárias internas ainda restritivas, níveis ainda elevados de endividamento das famílias e maior incerteza política, de acordo com um relatório aos clientes.
Nesse contexto e com a queda no rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA, a curva de juros futuros brasileira apresentou alívio, favorecendo ações de empresas de setores cíclicos e sensíveis a juros, que foram destacadas na coluna positiva.
Segundo analistas do Itaú BBA, o Ibovespa segue pressionado no suporte de 133,8 mil pontos e passou por três testes.
“O risco de realizações existe, porém a recuperação dos mercados americanos nos últimos dois pregões lançou uma luz no fim do túnel quanto a uma pausa neste movimento de realizações”, afirmaram na reportagem do Diário do Grafista desta sexta-feira .
DESTAQUES
– COGNA ON (BVMF:) avançou 6,43%, seguida de perto pela rival YDUQS ON (BVMF:), com alta de 5,67%. No dia anterior, os analistas do Bank America elevaram sua recomendação para as ações da Cogna para “neutras”, citando melhores tendências operacionais e espaço limitado para queda das ações, que ainda caíram cerca de 60% no acumulado do ano.
– EZTEC (BVMF:) ON subiu 6,16%, favorecido pela queda nas taxas DI, com o índice do setor imobiliário da B3 (BVMF:) subindo 2,18%. A TRISUL ON, que não faz parte do Ibovespa, subiu 4,76% com o anúncio de programa de recompra de até 7 milhões de ações ordinárias, que representam 9,9% das ações em circulação.
– VALE ON (BVMF:) ganhou 1%, mesmo com a queda dos futuros na China, que apresentou desempenho positivo na semana. O contrato mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian encerrou o dia com queda de 0,29%, mas ganhou 1,76% na semana.
– PETROBRAS PN (BVMF:) apresentou uma subida de 1,46%, apoiada na subida dos preços no exterior, onde o barril subiu 1,01%, para 72,70 dólares.
– ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:) avançou 0,7%, em dia positivo para o setor. BANCO DE BRASIL EM (BVMF:) subiu 0,64%, BRADESCO PN (BVMF:) subiu 1,03% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:) apresentou alta de 1,08%.
– RAÍZEN PN (BVMF:) subiu 0,98%, tendo como pano de fundo a precificação da controlada Raízen Fuels Finance às vésperas da emissão de 1 bilhão de dólares em títulos de dívida no mercado internacional (Notas Verdes) com vencimento em janeiro de 2035 e taxa de juros de 5,70 % ao ano.
– GPA (BVMF:)ON ganhou 1,97%, após desembolsar 101 milhões de reais para comprar debêntures da 1ª série da 18ª emissão da empresa no mercado secundário, com vencimento em duas parcelas, a primeira em maio de 2025 e a segunda em maio 2026. As 100 mil debêntures adquiridas representam 6,8% do estoque em circulação desta emissão.
– AMBEV ON (BVMF:) perdeu 0,23%, sendo a única ação do Ibovespa com sinal negativo.
(Edição de Eduardo Simões)
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