O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu, apelou à cooperação dos países do G20 no combate à fome, enquanto as metas de erradicação continuam fora de alcance. Qu Dongyu propôs aos Ministros da Agricultura das 20 maiores economias do mundo o lançamento de uma aliança global contra a fome e a pobreza. “O mundo precisa de mais cooperação dentro e fora do G20. O Brasil é um bom lugar para obter um consenso pleno de compromisso”, disse o diretor-geral da FAO nesta quinta-feira (12), durante as reuniões ministeriais da mesa de trabalho do grupo G20 Brasil Agricultura. Qu Dongyu lembrou que 733 milhões de pessoas no mundo passam fome, o que significa que o mundo ainda está longe de alcançar o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 2 (Fome Zero).
Qu Dongyu parabenizou o governo brasileiro por colocar a segurança alimentar no centro da discussão da cúpula e pediu a outros líderes que se inspirassem nos esforços do Brasil para reduzir a fome. “A aliança global será fundamental para levar o conhecimento, a experiência e mostrar exemplos de sucesso da região para onde são mais necessários”, afirmou o diretor-geral da FAO. Ele citou que as elevadas dívidas públicas limitam a capacidade de certos governos intervir na insegurança alimentar.
Para o diretor-geral da FAO, as alterações climáticas também impulsionam a fome, provocando “crises alimentares de uma magnitude não vista há muitos anos”. “2023 foi o ano mais quente já registado. Muitos países são afectados por secas ou inundações recorrentes, esgotando os seus recursos naturais. Esperamos que a variabilidade climática continue a aumentar e isso afectará os países mais vulneráveis do mundo”, observou, destacando que os países mais pobres e os pequenos agricultores são os mais expostos às alterações climáticas. “Os agricultores familiares desempenham um papel essencial na garantia da segurança alimentar global. Os agricultores familiares representam mais de 90% dos agricultores do mundo, ocupam 70% a 80% das terras agrícolas do mundo e produzem mais de 80% dos alimentos em termos de valor” Qu Dongyu observou.
O diretor-geral da FAO destacou progressos notáveis na América Latina e nas Caraíbas na redução da fome, mas destacou a preocupação com o aumento da fome em África e a sua estabilidade na Ásia. “Não podemos decepcioná-los”, disse Qu Dongyu. “Precisamos de aumentar a assistência alimentar, ao mesmo tempo que desenvolvemos e implementamos estratégias que protejam o ambiente e gerem rendimentos justos para os agricultores. Transformar os nossos sistemas agroalimentares para os tornar mais eficientes, mais inclusivos, mais resilientes e mais sustentáveis requer um compromisso político mais forte, uma agenda social e contribuições abrangentes, que fortaleçam o papel dos agricultores familiares, dos pequenos produtores, dos povos indígenas e das comunidades tradicionais”, afirmou.
*O jornalista viaja a convite da JBS (BVMF:).
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