O setor privado recomendou a inclusão do pagamento por serviços ambientais no compromisso a ser assinado pelas 20 maiores economias do mundo no grupo de trabalho Brasil Agricultura do G20. As sugestões foram apresentadas pelo B20 Brasil – iniciativa do setor privado que conecta o empresariado aos governos do G20, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – aos ministros estaduais na cúpula desta quinta-feira durante as reuniões ministeriais do GT do Agronegócio do o G20.
“Uma das formas de incentivar sistemas mais sustentáveis é reconhecer o valor dos serviços ecossistêmicos e que os serviços ecossistêmicos sejam remunerados. Sugerimos que os países trabalhem juntos e criem uma estrutura que possa reconhecer os serviços ecossistêmicos prestados pelos produtores rurais e utilizar parte deles. esses serviços dos ecossistemas como financiamento da transformação de pequenos produtores”, afirmou o líder da força-tarefa de Agricultura e Sistemas Alimentares Sustentáveis do B20 Brasil e CEO Global da JBS (BVMF :), Gilberto Tomazoni.
A proposta do B20 Brasil é que os países desenvolvidos apoiem os países menos desenvolvidos com a disseminação de tecnologias e financiamento internacional. O principal objetivo, segundo o fórum empresarial, é financiar a transição dos sistemas alimentares para modelos mais resilientes e sustentáveis, especialmente para os pequenos produtores. “A monetização dos serviços ecossistêmicos é uma estratégia essencial para transformar a agricultura, tornando-a economicamente viável, bem como ambientalmente responsável”, defendeu Tomazoni.
O B20 Brasil estima que serão necessários entre US$ 300 bilhões e US$ 350 bilhões por ano, até 2030, para transformar os sistemas alimentares. “Apesar da capacidade da agricultura regenerativa de capturar 9% a 23% das emissões globais de gases com efeito de estufa e da sua relevância económica, está a receber apenas 4% dos investimentos globais para enfrentar as alterações climáticas”, disse Tomazoni.
Na prática, será necessário aumentar o investimento 15 vezes ao longo da década para cobrir os custos da transição agrícola. “Nosso plano visa acelerar soluções para produzir mais, preservando nossa biodiversidade, capturando carbono da atmosfera, aumentando a resiliência dos sistemas de produção de alimentos, energia e fibras para as gerações futuras”, disse Tomazoni a mais de 20 delegações da Agricultura.
Além do investimento econômico, o B20 Brasil sugeriu ao G20 a adoção de medidas técnicas operacionais e sociais para a adoção de práticas inovadoras e altamente produtivas pelos produtores rurais. “Isso será possível colocando o produtor no centro desta transformação, com alinhamento governamental, e em aliança com o setor privado e outros setores. Os pequenos produtores enfrentam importantes desafios financeiros na adoção de práticas regenerativas devido ao custo de capital, ao investimento tempo de maturação e pelo risco associado, visto que o mercado não pagará prêmio no preço da commodity de forma estrutural”, disse o líder do B20 Brasil aos ministros de estado.
Para o B20 Brasil, o pagamento por serviços ambientais é uma proposta válida a ser adaptada a todos os países. “O pagamento por serviços ambientais é a resposta para resolver este triplo desafio e desbloquear a tomada de crédito. O G20 nesta edição deve acelerar o desenvolvimento do quadro regulatório que permita a emissão de créditos de alta integridade e interoperáveis para serviços ecossistêmicos, com base na ciência” , argumentou Tomazoni.
A B20 Brasil também recomendou ao G20 o aumento da produtividade por meio do desenvolvimento e expansão de tecnologias sustentáveis, atingindo especialmente os pequenos produtores. Outra proposta do sector privado aos ministros da Agricultura foi a promoção do sistema comercial multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC) para alimentos e agricultura, eliminando barreiras de mercado.
*O jornalista viaja a convite da JBS.
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