O economista José Júlio Senna afirmou na última quinta-feira, 12, que o ideal seria que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentasse a taxa Selic em 50 pontos-base na reunião do dia 18, embora haja indícios de que o aumento será de 25 pontos dependendo da narrativa do gradualismo.
O aumento de 50 pontos, disse Senna, serviria para fazer jus às posições recentes dos membros do BC e para responder às expectativas de inflação não ancoradas e a uma economia aquecida.
Segundo o economista, o BC falou “com muita grosseria e agora não tem como escapar”. A taxa básica de juros atualmente é de 10,5% ao ano.
“Houve muitos sinais dos líderes do BC de que o aumento dos juros está em cima da mesa, de que eles vão trazer a inflação para a meta, de que precisam reancorar as expectativas. ajoelhou-se há muito tempo. Não há como rezar. Já sinalizaram tanto de austeridade e de combate à inflação, que imagino que o ideal seria um 50 pontos. aumento na reunião da próxima semana”, disse ele.
Senna fez as declarações no III Seminário de Análise Conjuntural, realizado online pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) e pelo Estadão.
O economista lembrou que o BC fez uma única alta de 25 pontos-base ao longo da história recente da política monetária. “25 pontos para o nível da Selic no Brasil não agrada muito”, disse ele. “Mas o presidente do BC, acompanhado de um de seus diretores, também sinalizou que as coisas serão graduais. E de forma geral, caminhamos para o entendimento de que gradativo é de 25 pontos”, ponderou.
Inflação
Senna destacou uma “ligeira melhora” da inflação na margem, mas disse que os números do país ainda empurram para cima as estatísticas acumuladas em 12 meses, o que leva a uma diferença no comportamento da inflação nos Estados Unidos, por exemplo.
Também por isso, disse ele, os problemas enfrentados pelo Copom em julho seriam os mesmos de agora: “expectativas não ancoradas, projeções acima da meta e economia aquecida”.
“Diversos membros do Copom entendem que o balanço de risco é assimétrico, ou seja, que as projeções oficiais podem estar subestimando o que poderá acontecer com a inflação mais tarde. É uma situação que não melhorou”, resumiu.
BC ganha tempo
Para o especialista, em julho, o BC optou por ganhar tempo mantendo a Selic, quando deveria ter dado sinal mais forte
“O BC não deu sinal mais forte para não parecer que estava provocando a administração federal. O BC entendeu que seria um pouco provocativo caracterizar a situação como de equilíbrio assimétrico, o que certamente implicaria uma aumento das taxas de juro na reunião de Setembro”, afirmou. Além disso, teria pesado nos recentes compromissos do Ministro das Finanças, Fernando Haddad, com a responsabilidade fiscal.
Além disso, afirmou, a espera do BC também pode estar relacionada ao fato de o Federal Reserve “poder ajudar” ao começar a reduzir os juros americanos nesta reunião de setembro.
Assim como o Copom, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) também se reúne no dia 18 de setembro.
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