O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou, nesta quinta-feira (12), em São Paulo, que a volta do horário de verão brasileiro é uma possibilidade real, para melhor aproveitamento da luz natural em relação à luz artificial e ao consequente redução do consumo de energia elétrica no país.
“O horário de verão é uma possibilidade real, mas não é um facto porque tem implicações, não apenas energéticas, tem implicações económicas. É importante reduzir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas, porque impacta muito a vida das pessoas”, reconhece o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira.
Pelas implicações do horário de verão no dia a dia dos brasileiros, o chefe do departamento entende que a decisão de adiantar os relógios em uma hora em parte do território brasileiro não pode ser tomada precipitadamente. “[A medida] não deve ser tomada precipitadamente. Se necessário, não tenha dúvidas, retornaremos com o horário agendado. [de verão]”, concluiu o ministro.
Silveira confirmou que, nesta segunda-feira, determinou que o Comitê de Acompanhamento do Setor Elétrico (CMSE) e a Secretaria Nacional de Energia Elétrica (MME) se reunissem com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para apresentar um plano de contingência para o verão 2024/2025 e planejamento energético do próximo ano.
Alexandre Silveira afirmou ainda que pesquisas mostram que os efeitos do horário de verão – durante os meses de primavera e verão – são positivos para diversos setores econômicos do Brasil, como o turismo, além de bares e restaurantes.
Energia térmica e verde
O ministro considera que a poupança gerada pelo horário de verão é importante para reduzir o despacho das térmicas nos horários de pico de consumo, entre as 18h e as 21h, em geral.
Por isso, no plano de contingência solicitado ao Comitê de Acompanhamento do Setor Elétrico, o ministro disse querer informações sobre quais térmicas pertencem à Petrobras, ao setor privado e quais são as principais fontes das usinas que geram energia elétrica a partir, por exemplo, do queima de óleo diesel, um combustível fóssil derivado do petróleo. O objetivo é manter o equilíbrio do setor elétrico brasileiro com segurança energética.
Demanda
O ministro afirmou que a geração de energia no país é necessária, porque a temperatura mundial subiu e apresentou dados sobre o crescimento do consumo de energia. “O Brasil nunca havia consumido, antes de setembro deste ano, 105 gigawatts [GW] em uma tarde. A média é de 85 GW, o que mostra que estávamos com todos os aparelhos de ar condicionado do Brasil ligados e que a necessidade de energia está cada vez mais oscilante no Brasil.”
Para ele, o futuro energético depende da economia verde. “Não há salvação fora da nova economia verde que considera a necessidade de desenvolvimento económico; que o capital seja remunerado de forma sustentável; com o mais estrito respeito à legislação ambiental e aos frutos sociais no combate à desigualdade, que é uma realidade em nosso país”.
As declarações do ministro foram feitas em São Paulo, em reunião com o ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália, Gilberto Prichetto Fratin, que acompanhou medidas para melhorar a qualidade dos serviços prestados pela empresa Enel Distribuição São Paulo, após o último lançamento elétrico apagões naquele estado.
Horário de verão
O horário de verão brasileiro foi instituído pelo então presidente Getúlio Vargas, de 3 de outubro de 1931 a 31 de março de 1932.
No Brasil, o horário de verão funcionou continuamente de 1985 até 2019, quando o último governo federal decidiu revogá-lo, em abril de 2019, alegando pouca eficácia na economia de energia.
Antes da extinção, o período de vigência do horário de verão entre os meses de outubro e fevereiro era definido, segundo critérios técnicos, para aproveitar as diferenças de luminosidade entre os períodos de verão e o resto do ano.
A medida teve impacto na redução da concentração do consumo elétrico entre 18h e 21h.
Até a sua extinção, o horário de verão era aplicado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, também, em Distrito Federal. E as regiões Norte e Nordeste ficaram de fora das políticas públicas, pois não representaram redução significativa na demanda energética nos estados das duas regiões, devido à diferença de luminosidade em relação ao restante do país.
De acordo com o decreto nº 9.242 de 2017, o horário de verão funcionava das zero horas do primeiro domingo de novembro de cada ano, até as zero horas do terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte. Mas, se coincidisse com o domingo de Carnaval, o encerramento acontecia no domingo seguinte.
Em resposta a Agência Brasilo Ministério de Minas e Energia esclarece que a volta do horário de verão deve ser analisada sob diversos aspectos, como a geração de energia, os índices pluviométricos e, também, os aspectos econômicos da medida. O MME continua analisando as condições com responsabilidade, de forma a garantir a segurança energética a todos os brasileiros.
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