O debate sobre a implantação do Grupo Relacionado ao Diagnóstico (DRG) nos hospitais de Mato Grosso do Sul envolve a infraestrutura dos hospitais ou, neste caso, a falta dela. DRG é um sistema que combina tecnologia e inteligência artificial (IA) para gestão hospitalar.
O chefe da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Maurício Simões Corrêa, comentou que ainda não conseguiria aplicar a ferramenta no Estado, devido à necessidade de implantação de sistemas de gestão nos hospitais que prestam assistência ao Sistema Único de Saúde (SUS). ) no Mato Grosso do Sul.
“Ainda não conseguiríamos aplicar tal ferramenta, pois ela exige dois aspectos nos quais ainda somos muito imaturos: uma cultura de cálculo de custos e sistemas de gestão hospitalar adequadamente implementados para a devida e necessária consolidação dos dados”, informa o responsável. da SES.
Simões afirma que o Ministério quer e vai avançar para a implementação do DRG nos hospitais que atendem o SUS no Estado – atualmente, 77 estabelecimentos. Porém, ele também esclarece que ainda é cedo para imaginar e poder falar em colher os benefícios, pois há muito trabalho de infraestrutura a ser feito nas unidades antes de imaginar o DRG em operação.
“Fazendo uma comparação metafórica, seria o mesmo que imaginar o quanto o trem poderia encurtar distâncias e melhorar o transporte no Estado, mas ainda estamos construindo a linha férrea. Sem as trilhas não adianta divulgar a viagem”, explicou Simões.
O secretário, porém, reconhece que o sistema “é uma ferramenta de gestão em saúde muito valiosa, com experiências bem sucedidas em muitos locais”, mas acrescenta que na realidade de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande é a “mais próxima do ambiente ideal para um DRG.” O Hospital Regional ainda está no início da iniciativa de cálculo de custos.
Outras unidades, como São Julião e o Hospital do Cancro, ainda são “imaturas na implementação de sistemas de gestão, e no interior a situação é muito heterogénea e infantil”.
A titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Rosana Leite de Melo, também reconhece que a metodologia é boa e concorda com a implantação do DRG nos hospitais da Capital, porém, não deu mais detalhes sobre a iniciativa.
DRG
O DRG utiliza IA para apoiar contratos e repasses de valores para hospitais no Brasil e no mundo, e a implementação em unidades hospitalares do Estado tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), por meio de Projeto de Lei apresentado por deputado estadual Pedrossian Neto (PSD).
De acordo com o projeto, a iniciativa prevê Regime Especial de Contratação para instituições hospitalares públicas e privadas que atuam no SUS. Ou seja, é uma autorização formal para os hospitais que queiram implantar esse modelo de contratação no Estado.
Para o autor do projeto, esta iniciativa trará mais clareza em relação à remuneração hospitalar, pois neste sistema o repasse estaria de acordo com as reais necessidades e atuação da própria entidade. Para Pedrossian Neto, o maior problema de contratar serviços dessa forma, com valor pré-fixado, é que esse recurso não está vinculado ao que realmente é produzido pelo hospital, portanto, não cria critérios de remuneração de eficiência, produtividade, prestação de serviços de saúde, entre outros.
O DRG utiliza tecnologia e IA para classificar os pacientes em grupos, considerando algumas características clínicas comuns, como sexo, idade, quadro clínico, comorbidades, procedimentos, entre outras, que ficam disponíveis no prontuário de cada pessoa.
O cruzamento desses dados é o que vai definir em qual grupo do GDH cada paciente se enquadra, bem como o tempo de internação esperado e o consumo de recursos hospitalares, definindo qual será a abordagem terapêutica de cada pessoa e agendando a alta dos pacientes.
A IA também avalia se o tempo que essa pessoa passou no hospital está de acordo com as expectativas e a qualidade do atendimento médico.
DESEMPENHO
Em 2021, o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanhou uma série de atividades do Ministério da Saúde para monitorar e avaliar o desempenho da assistência especializada nas unidades hospitalares que operam no SUS. Constatou-se que não há monitoramento por parte do Estado dos hospitais financiados pelo SUS, na forma exigida pela portaria.
Na ocasião, o TCU também anunciou que o ministério estava implementando estudos para que o modelo de financiamento das ações de saúde no SUS fosse baseado no DRG.
“Isso porque o atual modelo de financiamento está centrado na produção de serviços, com incentivos económicos para procedimentos de elevado valor, em detrimento daqueles cujo valor pago não é tão elevado e consequente desequilíbrio no sistema”, relata o tribunal num texto publicado em outubro de 2021. Até o momento não há implementação real do DRG em Mato Grosso do Sul.
Descobrir
Atualmente, o DRG é utilizado em toda a rede SUS pelas Secretarias Estaduais de Saúde de Minas Gerais e Espírito Santo, além de outras unidades públicas
e privado.
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