Por suas fronteiras estaduais e nacionais, Mato Grosso do Sul é inegavelmente rota dos chamados crimes transfronteiriços, que vão desde apreensões de drogas até armas, como é o caso dos fuzis encontrados pela Polícia Rodoviária Federal no final da tarde desta sexta-feira (06). ), vindo do Paraguai para um “festival de pipas” no Rio de Janeiro.
Polo de facções nacionais, o estado do Rio de Janeiro, que seria destino dos fuzis e pistolas encontrados pela PRF, fica a aproximadamente 1.200 km de onde as armas foram encontradas, no município de Nova Andradina, no sul do Mato Grosso.
Mais precisamente, o total de 10 armas e suas munições foram interceptadas a 1.223,4 km de distância de onde seriam entregues, na cidade fluminense de Duque de Caxias (RJ).
Com apoio do Grupo Especial de Fronteira (Gefron/MT) e da PRF/MT, o Polícia Rodoviária Federal abordou um veículo Ford Ka, no km 129 da BR 267, onde o motorista nervoso disse que seu destino era um festival de pipas no Rio de Janeiro.
Após ordem de parada, os agentes da PRF perceberam o nervosismo que o motorista do Ford Ka demonstrava, alegando que estava indo para Duque de Caxias para um festival de pipas, momento em que a polícia decidiu revistar o veículo.
Durante a fiscalização do carro, policiais rodoviários federais encontraram armas escondidas na porta do Ford Ka, que eram:
- 05 fuzis calibre 5,56 mm,
- 05 pistolas calibre 9mm,
- 10 carregadores de rifle,
- 10 carregadores de pistola,
Ao ser questionado, o motorista confessou ter sido contratado para o transporte, recolhendo as armas na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, pago para levá-las até Duque de Caxias (RJ), sendo preso e levado à Polícia Federal em Dourados pelo crime.
Balanço de apreensões
Dados estatísticos da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que, mesmo distante do total apreendido no ano passado (2.250 armas), os números para 2024 crescem exponencialmente.
Isto porque, também acompanha o Correio do Estado, ainda no dia 5 de julho as apreensões de armas no MS foram 871 registros, 1.104 segundo o último balanço da Sejusp.
Ou seja, com estes valores totais, o crescimento entre julho e setembro representa um aumento percentual de 26% no bimestre.
Os valores têm oscilado anualmente, com 1.754 armas apreendidas em 2020 e outras 1.930 no ano seguinte, e há dois anos o índice aponta para 1.761 armas retiradas de circulação pelas polícias do MS.
O ápice dessa série foi no ano passado, quando foram apreendidas 2.250 armas em Mato Grosso do Sul durante os 12 meses de 2023.
Se forem analisadas as armas por espécie, apreendidas apenas no ano passado, as armas adulteradas ou com números riscados representam a maioria das apreensões (1.088 do total de 2.250 em 2023).
Este ano este tipo de arma também representa a maioria das apreensões, 506 do total de 1.104 no último balanço, seguindo-se os revólveres e as pistolas, com 270 e 202 retiradas de circulação respetivamente.
Fuzis
Curiosamente, tanto no balanço anual como na compilação histórica, as espingardas estão entre as taxas de apreensão menos significativas, com 41 no total desde 2020.
Ainda este ano, outros cinco fuzis de uso restrito (5.56) – liberados no governo Bolsonaro e proibidos no terceiro governo Lula – foram apreendidos pela PRF na BR-262vindo da Bolívia para o estado de São Paulo.
Vale lembrar que, ao assumir a presidência, Jair Bolsonaro assinou um decreto regulamentando o porte e posse de armas no Brasil, o que acabou flexibilizando o acesso da população a diversos tipos de armas, quando se tornou possível a compra de um fuzil.
Considerada uma arma de uso das forças táticas militares, pelo decreto de 2019 alterando a classificação para “uso permitido”, essa arma poderia ser adquirida por qualquer brasileiro.
Se antes os brasileiros só tinham acesso a revólveres calibre 32 e 38, além de pistolas 380, armas que chegam a 407 joules de energia cinética – liberada quando disparadas -, depois do decreto esse limite aumentou quatro vezes mais.
No Brasil, a empresa Taurus possui um modelo desse calibre, o T4, um fuzil nacional em que essa energia ultrapassa mil e trezentos joules.
No dia 1º de janeiro do ano passado, no primeiro ano do terceiro mandato, Lula revogou a liberação dos calibres 5,56; .308 e os populares sete meio dois.
No dia 21 de julho, o pacote nacional de segurança pública também devolveu os calibres 9mm e 40 e 45 pontas para uso restrito.
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