Pedro Almodóvar ganha Leão de Ouro por “The Room Next Door”

“The Room Next Door”, primeiro longa-metragem em inglês do diretor espanhol Pedro Almodóvar, ganhou o Leão de Ouro no 81º Festival de Cinema de Veneza, neste sábado (7).

O filme conta a história da decisão de uma jornalista veterana (Tilda Swinton) de cometer suicídio devido a um câncer incurável.

Ela pergunta a uma velha amiga (Julianne Moore) que a acompanhou em seus últimos dias.

“Dizer adeus a este mundo com dignidade é um direito fundamental”, disse Almodóvar ao receber o prêmio. A eutanásia, declarou o realizador espanhol, “não é uma questão política, mas sim uma questão humana”.

“Sei que este direito vai contra qualquer religião ou credo que tenha Deus como única fonte de vida (…) peço aos praticantes de qualquer credo que respeitem e não intervenham nas decisões individuais neste sentido”, acrescentou.

A premiação marca a volta de Almodóvar ao pódio da Mostra desde 1988, quando ganhou o prêmio de melhor roteiro por “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”.

Aos 74 anos, o realizador de “Labirinto das Paixões” deixou a sua marca com a sua primeira longa-metragem em inglês, ambientada no estado de Nova Iorque, depois de vários projetos nessa língua que não se concretizaram.

Almodóvar é o realizador espanhol de maior renome internacional, autor de uma série de obras que foram fundamentais na mudança da imagem artística do país durante décadas.

“The Room Next Door” é seu 24º longa-metragem. Em inglês, já realizou dois médias-metragens, “The Human Voice” (com Tilda Swinton, 2020) e “Strange Way of Life”, no ano passado.

Bicampeão do Oscar e do prêmio Cannes, Almodóvar é um diretor conhecido pelo controle meticuloso sobre seu trabalho, da estética ao roteiro – tarefa que nunca compartilhou com ninguém -, do figurino à cenografia.

Na última década, tem regressado ao cinema mais introspectivo, relembrando a sua infância (“Má Educação”) ou a sua carreira como realizador (“Dor e Glória”).

“The Room Next Door” é uma meditação sobre o declínio da vida, a sua obsessão dos últimos anos e a decadência física.

“Não consigo entender que algo que está vivo tenha que morrer. A morte está em toda parte, mas é algo que nunca entendi”, confessou Almodóvar à imprensa em Veneza.

O filme foi um grande sucesso quando estreou no Lido no dia 2 de setembro. Almodóvar teve que sair para dar autógrafos no auditório, sob o olhar iluminado de Swinton e Moore.