O Palácio do Planalto trabalha para que toda a bancada do MDB na Câmara apoie a candidatura do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Casa.
Além de contar com os votos dos deputados petistas, os organizadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mobilizam aliados para o apoio dos 44 parlamentares do MDB.
O partido faz parte da base governamental e está à frente de três ministérios da Esplanada (Planejamento, Transportes e Cidades).
O líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG) é um dos escalados para conversar com emedebistas.
Paralelamente, os ministros de Lula já se disponibilizaram para entrar em contato com o governador do Pará, Helder Barbalho, para ajudar na coordenação caso haja resistência dos deputados do MDB ao nome de Motta. Por ter nove dos 44 deputados, o MDB do Pará tem grande influência na bancada.
No Planalto, os organizadores de Lula trabalham na possibilidade de o líder da bancada do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), ser o coordenador da campanha de Motta. Os emedebistas consideram que essas negociações dependerão também do andamento das discussões para distribuição de cargos para Conselho de Administração e comitês. Questionado, Bulhões não respondeu.
O presidente e seus ministros mais próximos têm trabalhado diretamente na construção de um nome consensual para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL).
A candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) é considerada a que tem mais chances de unificar o centrão e evitar uma disputa que poderia causar fissuras na base governamental. Motta é descrito como “útil” pelos assessores do presidente.
Até a proximidade do parlamentar com o ex-deputado Eduardo Cunha e com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro, é minimizada pelo ambiente presidencial.
Lula também tem procurado a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), para conversar com os partidos em busca de um consenso.
Deputados do MDB com assento na Esplanada avaliam que, num cenário em que Motta conta com o apoio do governo federal, o caminho mais provável do partido é apoiar o candidato republicano.
Integrantes do partido lembram que houve um acordo entre MDB, Republicanos e PSD, que fazem parte do mesmo bloco na Câmara, para apoiar o nome que se mostrasse mais viável. Também é importante o fato de Hugo Motta já ter feito parte do MDB no passado.
Se a decisão do MDB de apoiar Motta se confirmar, os auxiliares de Lula entendem que a candidatura de Antônio Brito (PSD-BA) à presidência da Câmara seria esvaziada e assim só lhe restaria apoiar o líder dos Republicanos ou Elmar Nascimento ( União-BA). No Planalto, a aposta é que Brito pode abandonar a disputa nos próximos dias.
Embora o PSD faça parte do bloco de Motta na Câmara, deputados do Republicanos e do MDB não descartam a aliança do partido de Brito e Gilberto Kassab com Elmar. Para os concorrentes do deputado União Brasil, a única forma de ele permanecer na disputa seria atrair o apoio do PSD — que tem 44 deputados — e é o único dos partidos relevantes na Câmara, além do de Elmar União Brasil, que ainda não sinalizou favoravelmente a Hugo Motta.
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