“Tem alguém aqui?”: essa tem sido a pergunta feita por milhares de brasileiros que chegaram recentemente ao Bluesky, que nos primeiros dias após o bloco X registrou mais de 2 milhões de novos usuários. O aumento da migração fez do português a língua mais falada na plataforma, disse a empresa à AFP.
Este é o reflexo de mais um capítulo de uma série de embates entre o bilionário Elon Musk, dono da Musk não cumpre a determinação de apresentar um representante legal no Brasil.
O bloqueio do X no Brasil foi acompanhado de uma intensa migração digital para outras plataformas, como também é o caso do Threads. Na Google Play Store, os aplicativos, que permitem o envio de mensagens curtas associadas a imagens, já aparecem nas primeiras posições entre os mais baixados do país.
Tópicos ou Bluesky
“Threads ou Bluesky” foram termos de busca que registraram um aumento repentino no Brasil na ferramenta Google Trends desde que o bloqueio foi imposto.
Enquanto o Bluesky, que tem mais de 7,6 milhões de usuários, foi desenvolvido por Jack Dorsey, criador do antigo Twitter, o Threads é um aplicativo da Meta, empresa que também é dona do Facebook e do Instagram.
O professor universitário Raul Nunes, usuário do antigo Twitter desde 2007, é um dos que migraram para o Bluesky. Segundo ele, a experiência tem sido agradável, mas a rede ainda carece de recursos: “O Bluesky tem a vantagem de ter os mesmos personagens, a mesma linguagem e as mesmas referências do Twitter/X. tópicos e não vídeo”.
As pesquisas pelo nome “Threads” – atualmente com 190 milhões de usuários em todo o mundo – quadruplicaram desde 30 de agosto, segundo o Google Trends, e a Meta está aproveitando o momento para promover a plataforma para seus mais de 2 bilhões de usuários no Instagram. A empresa, no entanto, não respondeu às perguntas da AFP sobre o aumento registado de novos utilizadores.
“Tenho a impressão de que [o Threads] ser uma comunidade mais acolhedora e muito menos agressiva. Por outro lado, sinto falta da sinceridade e autenticidade que o antigo Twitter tinha”, disse o estudante Leon Leal, que usa o X desde 2014.
Cenário incerto
Embora a busca por plataformas alternativas tenha crescido, não se sabe se a popularidade destas redes continuará.
Raquel Recuero, coordenadora do Laboratório de Pesquisa de Análise de Mídia, Discurso e Redes Sociais da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), diz que é difícil fazer uma projeção de qual plataforma será mais abraçada pelos ex-usuários do X: “Provavelmente vão se espalhar em múltiplas plataformas diferentes. Esse tipo de ação coordenada é difícil.”
Para Viktor Chagas, professor de Estudos Culturais e Mídia do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), os brasileiros deveriam buscar plataformas semelhantes ao X para manter contato com outros países e participar do debate público do Brasil.
Mas, segundo Chagas, a utilização de alternativas com menor base de usuários “pode representar um certo isolamento do Brasil em relação ao resto do mundo, o que torna frágil a acomodação de usuários no Bluesky”.
Esta preocupação já é sentida por Leal, um utilizador que também chegou recentemente ao Bluesky, que revelou à AFP que estava a ter dificuldades de adaptação à nova rede por não conseguir encontrar os mesmos perfis que seguia anteriormente no X.
Em relação ao Threads, Chagas analisa: “Há uma base de usuários internacionais maior e integração nativa com outras ferramentas, como o Instagram. Mas também há uma desconfiança maior, por se tratar de uma nova plataforma Meta”.
Polarização em plataformas
Este movimento migratório tem sido acompanhado por políticos, tanto de esquerda como de direita, embora em proporções diferentes.
Após a decisão de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoiava o bloqueio do X e não usava Threads desde maio, passou a fazer publicações diárias nesta rede, bem como em sua conta oficial Bluesky.
Por outro lado, até 3 de setembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apoiado abertamente por Elon Musk, não tinha conta oficial no Bluesky, e, no Threads, promoveu seu canal no Telegram.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL), um dos mais seguidos nas redes sociais e conhecido por ser um dos principais agitadores da direita, por exemplo, continua usando o X. Em publicação do dia 2 de setembro, o parlamentar anunciou: “ Não, não criei uma conta na Bluesky.
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