O Comitê de Acompanhamento do Setor Elétrico (CMSE) do Governo Federal aprovou nesta terça-feira (3) a ampliação da contratação de termelétricas a gás natural no Brasil. Porém, as unidades do Mato Grosso do Sul, localizadas em Campo Grande e Três Lagoas, não devem ser acionadas neste momento.
O acionamento de termelétricas é uma medida emergencial, adotada quando a crise hídrica, causada pela seca dos rios, começa a prejudicar o funcionamento das hidrelétricas e o abastecimento de energia dos municípios, como aconteceu em Rondônia, por exemplo.
As atividades da hidrelétrica Santo Antônio foram paralisadas devido ao baixo nível de vazão do Rio Madeira. A seca tem prejudicado a geração de energia, o que vem causando apagões em todo o estado desde a segunda quinzena do mês passado.
No dia 30 de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária de setembro será vermelha patamar 2, o que corresponde a um acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A bandeira de nível 2 não é ativada desde agosto de 2021.
Segundo a Aneel, os reservatórios hidrelétricos do país deverão ficar 50% abaixo da média neste período de seca.
Embora Mato Grosso do Sul seja um dos estados no cenário de seca severa, a medida emergencial ainda não será adotada por aqui.
Outras medidas já começaram a ser adotadas
Nos meses de setembro, outubro e novembro do ano passado, Mato Grosso do Sul teve diversos apagões, causados pelo grande número de aparelhos de ar condicionado ligados ao mesmo tempo. Para evitar que isso aconteça novamente, a Energisa substituiu mais de 600 transformadores nas regiões onde ocorreram sobrecargas e interrupções no fornecimento.
Cenário desfavorável
O cenário hidrográfico desfavorável se deve às chuvas abaixo da média no Norte e Centro-Oeste do Brasil, além de “temperaturas acima da média histórica em todo o Brasil”, afirma o comitê.
Portanto, espera-se que os reservatórios das hidrelétricas fiquem abaixo do necessário para atender a demanda, que por sua vez deverá aumentar devido ao calor.
“O CMSE monitora permanentemente as condições de fornecimento e atendimento ao mercado elétrico brasileiro e reforça que continua adotando medidas para garantir o fornecimento de energia elétrica”, destacou o governo federal em nota.
Mais cedo, antes da reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com diretores do ONS.
Após a reunião, ele já havia defendido o uso de termelétricas para fornecimento de energia durante a seca.
Os membros do Governo afirmam, com reservas, que a situação ainda não é tão grave como nas crises históricas, como a de 2021.
Afirmam que as medidas tomadas ao longo do ano, como a retenção de água nos reservatórios, fizeram com que hoje o nível da água seja mais que o dobro do registado durante a crise daquele ano.
Aprovações CMSE
O primeiro despacho aprovado pelo Governo Federal prorroga a contratação de energia em Santa Cruz (RJ) e Linhares (ES) até o mês de novembro, quando ocorre a transição entre os períodos seco e chuvoso, momento crítico para o abastecimento do Sistema Integrado Nacional ( PECADO).
A outra permite a contratação destes dois, mais o Porto Sergipe (SE), de forma flexível, modalidade utilizada para atender a demanda de energia nos horários de pico.
O Comitê de Acompanhamento do Setor Elétrico também autorizou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a flexibilizar critérios de desempenho e segurança, se necessário, para garantir o fornecimento no período.
Essa mudança significa que a operadora pode alterar os limites de uso da energia elétrica gerada para evitar desabastecimento.
O comitê também aprovou resolução que visa acelerar a entrada em operação de três novas linhas de transmissão no país (Porto do Sergipe – Olindina – Sapeaçu; Rio – Lagos e Leopoldina 2 – Lagos).
Com informações da Folhapress
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