Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda recuou frente ao real nesta terça-feira, contrariando os ganhos da moeda norte-americana no exterior, enquanto os investidores avaliavam os números acima do esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre e seu consequente impacto na política monetária nacional.
Às 9h57, o dólar à vista caía 0,47%, a 5,5909 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,59%, a 5,599 reais na venda.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em queda de 0,34%, cotado a 5,6172 reais.
Esta manhã, o real se movia em relação aos seus pares, já que a perspectiva de uma Selic mais alta neste ano, influenciada por dados melhores que o esperado do PIB brasileiro no segundo trimestre, mais do que compensou a cautela observada no exterior pelos ativos de maior risco.
Dados do IBGE mostraram que o PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, acima das projeções dos economistas consultados pela Reuters de aumento de 0,9%. Na base anual, o crescimento foi de 3,3%.
O resultado mostra uma economia forte no trimestre de abril a junho, o que permite, segundo analistas, ao Banco Central assumir uma postura mais agressiva contra a inflação, já que a alta dos preços se afastou do centro da meta de 3% em leituras recentes.
“A falta de catalisadores em outras partes do mundo está permitindo que o mercado se concentre na tese local, que tem recebido algum apoio do PIB brasileiro. Este foi o penúltimo dado de faturamento antes da próxima reunião do Copom, o que apenas solidifica o caso para um novo aumento das taxas de juro”, afirmou Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank.
Na curva de juros brasileira, a taxa DI para janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – ficou em 11,015%, um aumento de 4 pontos base em relação ao ajuste anterior.
As operadoras colocaram 56% de chance de alta de 25 pontos-base na Selic na reunião do Copom deste mês, com 44% de probabilidade de alta de 50 pontos.
A Selic mais alta é, em tese, um fator positivo para o real, pois o aumento do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos torna a moeda brasileira mais atrativa para investimentos.
“Dado que o mercado de trabalho brasileiro está mais aquecido do que se imagina, e que a atividade econômica também tem tido um desempenho melhor que o previsto, esta situação deve se somar a um cenário que o Banco Central caracteriza como desconforto”, apontou Leonel Mattos, Analista de Inteligência de Mercado da StoneX .
No exterior, por outro lado, o dólar fortaleceu-se face à maioria dos seus pares fortes e emergentes, impulsionado pela cautela antes da divulgação de uma série de dados económicos ao longo da semana e pelo desempenho dos preços das matérias-primas, como o oeo.
Os investidores estarão atentos aos dados de emprego dos EUA esta semana para avaliar a dimensão da flexibilização monetária da Reserva Federal, já que o presidente Jerome Powell expressou preocupação no mês passado com o esfriamento do mercado de trabalho na maior economia do mundo.
O grande destaque da semana será a divulgação do relatório de emprego de agosto, na sexta-feira, com a expectativa dos analistas consultados pela Reuters de que os empregadores norte-americanos criaram 160 mil empregos no mês passado, ante 114 mil em julho.
Os investidores avaliam integralmente um corte nas taxas por parte da Fed na sua reunião de 17 a 18 de Setembro, com 67% de probabilidade de uma redução de 25 pontos base e 33% de probabilidade de um corte de 50 pontos. Eles prevêem 100 pontos base de flexibilização até ao final deste ano.
Quanto mais a Fed reduz as taxas de juro, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente para o investimento quando os rendimentos do Tesouro caem.
Embora os dados não sejam divulgados, os investidores estão cautelosos em apostar em ativos mais arriscados, o que ajudou o dólar nos mercados globais.
O – que mede o desempenho da moeda norte-americana em relação a uma cesta de seis moedas – subiu 0,05%, para 101,710.
O euro era negociado a 1,105 dólares, queda de 0,20% no dia.
No caso dos países emergentes, a queda nos preços de importantes commodities também influenciou a falta de atratividade das moedas frente ao dólar.
Os contratos futuros de minério de ferro na Bolsa de Valores de Dalian registraram sua maior queda diária em quase dois anos na terça-feira, uma vez que dados econômicos sombrios da China obscureceram as perspectivas de demanda, um motivo que também fez cair os preços globais do petróleo.
Assim, a moeda norte-americana ganhou em relação ao dólar, ao peso colombiano.
(Editado por Paula Arend Laier)
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