O temor de que os trabalhadores rurais voltem a ocupar a Fazenda Passará, da Suzano SA, em Ribas do Rio Pardo, se transformou em uma disputa judicial entre a multinacional de celulose, que recentemente inaugurou uma megafábrica na cidade, e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Rio Pardo. município, a 93 quilômetros de Campo Grande. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ribas do Rio Pardo, Silvio dos Santos Menezes, citado como líder dos sem-terra na ação de interdito proibitivo — medida judicial utilizada quando há medo de invasão de propriedade — foi à Justiça para declarar que não tem vínculo com o grupo que ocupa área em frente à fazenda da Suzano. A empresa de papel e celulose, que planta eucalipto na propriedade de 300 hectares, rebateu a objeção de Silvio, alegando que, se ele mediasse a retirada dos sem-terra de uma faixa de 300 metros dentro da fazenda após uma invasão ocorrida em abril, deveria ser considerado líder do movimento. Suzano argumenta que a ameaça de invasão é real, pois o grupo permanece acampado em frente ao imóvel. Outra divergência entre as partes é o valor atribuído ao caso. A Suzano estimou o valor em R$ 50 mil, enquanto Silvio contesta, argumentando que, nos casos de proibição, o valor da causa deve corresponder ao valor do imóvel, sugerindo que o valor correto seria de R$ 3 milhões. Silvio, em sua defesa, afirma que não há provas documentais de sua liderança sobre os invasores e que um boletim de ocorrência apresentado pela Suzano não é suficiente para comprovar a iminência de uma nova invasão. Acampamento dos Sem Terra, visto de cima (reprodução) Até o momento, a única manifestação judicial no processo foi a concessão de liminar no dia 12 de junho pelo juiz de Ribas do Rio Pardo, Cláudio Müller Pareja. Apesar das disputas judiciais, o acampamento em frente à fazenda continua, confirmado tanto pela Suzano quanto pelo presidente do sindicato. Atualmente, existem cerca de 60 barracos sem terra instalados no local. A unidade de processamento de celulose da Megafactory Suzano em Ribas do Rio Pardo, chamada Projeto Cerrado, começou a operar em meados de julho. Com capacidade para processar 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano, a planta é atualmente a maior em operação do mundo, considerando uma única linha de produção. A inauguração, inicialmente prevista para junho, foi adiada devido a uma série de inadimplências de subcontratados que afetaram a cadeia construtiva da fábrica. Assine o Correio do Estado
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