O voto de Alexandre de Moraes foi acompanhado por Flávio Dino e Cristiano Zanin; Cármen Lúcia e Luiz Fux têm até o final do dia para registrar seus votos no plenário virtual
A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria nesta segunda-feira (2) para manter a suspensão do X (anteriormente conhecido como Twitter) no Brasil, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Além disso, Moraes retirou o sigilo do processo, tornando-o público. Ele é o relator da decisão que bloqueou a rede social do empresário Elon Musk, com quem trocou críticas nos últimos meses. Em resposta à suspensão, Musk ameaçou divulgar as “ações secretas” do ministro contra a plataforma.
A votação de Moraes foi seguida por Flávio Dino e Cristiano Zanin, que votaram na manhã desta segunda. Dino, ministro indicado por Lula (PT), afirmou que o X de Elon Musk, ao desrespeitar a decisão de Moraes, “parece considerar-se acima da lei”. Depois, Zanin também acompanhou o relator.
A Primeira Turma também inclui os ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux, que têm até o final do dia para registrar seus votos no plenário virtual. Podem solicitar mais tempo para análise (visualização) ou solicitar que o caso seja julgado presencialmente (destaque). Fontes ligadas ao STF acreditam que a decisão de Moraes poderá ser confirmada por unanimidade pelo grupo, que é presidido pelo próprio Moraes.
Ao encaminhar o processo para julgamento da Primeira Turma, Moraes reduz as chances de oposição de ministros que discordaram de algumas de suas decisões, como André Mendonça, que integra a Segunda Turma.
Na decisão, Moraes cita uma reportagem de abril da Folha de S.Paulo, que mostrou que Musk cumpriu, sem questionar, centenas de ordens de remoção de conteúdo emitidas pelos governos da Índia e da Turquia. O ministro entende que Musk não apenas infringiu a lei brasileira, mas o fez de forma desrespeitosa, tendo pleno conhecimento da decisão.
“Uma ordem judicial é passível de recurso, mas não sujeita a desacato injustificado. O cumprimento das decisões do Poder Judiciário é requisito essencial à civilidade e à existência do Estado de Direito”, afirmou Moraes em seu voto.
Na segunda votação do grupo, Dino criticou a seletividade de Musk, dizendo que ela aumenta a desaprovação à conduta empresarial, afastando-o do empreendedorismo e colocando-o no campo da politicagem e da demagogia. Dino destacou ainda que “o poder económico e o tamanho da conta bancária” não garantem a Musk e X “uma estranha imunidade de jurisdição”.
Dino abordou também a questão da liberdade de expressão, defendendo que este direito está “intrinsecamente ligado ao dever de responsabilidade”. Segundo ele, um não pode existir sem o outro e ambos se limitam.
A decisão de suspender a plataforma foi tomada nesta sexta-feira (30), após Musk descumprir a determinação do ministro de nomear, em até 24 horas, um representante legal no Brasil. A ordem judicial exige a suspensão “imediata, completa e integral” do funcionamento da plataforma em todo o território nacional, com multa de R$ 50 mil para pessoas físicas e jurídicas que tentarem burlar a decisão utilizando “subterfúgios tecnológicos”, como VPNs.
Havia expectativa de que Moraes submetesse à classe sua decisão de bloquear as contas da Starlink, empresa de Musk, para pagar multas impostas pela Justiça, mas esse item não foi incluído na minuta de seu voto.
Como Moraes decidiu levar o caso à Primeira Turma, não precisará incluir o tema na pauta de discussão do plenário. Submeter a suspensão ao julgamento dos demais ministros do tribunal seria facultativo, e a expectativa é que Moraes não leve o tema ao plenário.
A rede social permanecerá offline durante o período eleitoral no país. A suspensão vigora até que todas as ordens judiciais expedidas pelo ministro sejam cumpridas, as multas sejam pagas e seja nomeado um representante legal da empresa em território nacional.
Com informações da Folha Press
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