Elaine Patrícia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Neste sábado de sol (30) em São Paulo, Mariana Prado, 28 anos, e sua sobrinha Giulia, 9 anos, resolveram dar um passeio pelo Parque Ibirapuera, na capital paulista. Foi então que se depararam com uma estrutura especial: uma arena com um telão que transmitia ao vivo os jogos das Paraolimpíadas de Paris. Ao lado dessa tela foi montada uma arena paradesportiva, onde ambos puderam vivenciar como é praticar um esporte paraolímpico.
O relatório de Agência Brasil encontrou Mariana e Giulia sentadas em cadeiras de rodas, tentando lançar uma bola na cesta, no esporte chamado basquete em cadeira de rodas. “É um esporte muito difícil, mas minha sobrinha está marcando muitos pontos. Ela é muito boa e eu sou péssimo [nesse esporte]”, brincou a tia. “Esse espaço aqui é brilhante e um incentivo para aprendermos sobre esportes e darmos mais atenção às Paraolimpíadas. Nós sempre tentamos colocá-la [a sobrinha] para aprender sobre esportes. E trazê-la para essa realidade, que não é tão comum, é brilhante”, disse a tia.
Giulia, por sua vez, que nunca havia sentado em cadeira de rodas e nem praticado esse esporte, disse que adorou a experiência e disse que sua maior dificuldade no basquete em cadeira de rodas foi acertar a cesta. No final, ela achou tudo “mais fácil do que imaginava”.
A Arena de Eventos foi montada em frente ao Planetário e atrás do Museu Afro Brasil e funcionará entre hoje (31) e amanhã (1º de setembro). A ideia foi idealizada pela Braskem, patrocinadora do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), e pela Urbia, concessionária do parque. As atividades são todas gratuitas e abertas das 9h às 17h. Além disso, o local deverá receber a presença de alguns atletas paralímpicos.
Segundo Ana Laura Sivieri, diretora de marketing e comunicação corporativa da Braskem, a estrutura foi montada com o objetivo de “ajudar o torcedor brasileiro a ver a beleza e a força das Paraolimpíadas e assim apoiar nossos atletas”. A ideia de realizá-lo no Ibirapuera também foi uma oportunidade para comemorar os 70 anos do parque. “Celebramos 70 anos [do parque] este mês. Então combinamos as duas coisas: o aniversário do parque e as Paraolimpíadas”, disse.
“Estamos proporcionando aos frequentadores do parque a oportunidade de entrar gratuitamente neste espaço, assistir aos jogos e também participar da arena Paralímpica, tendo experiências como jogar basquete em cadeira de rodas, futebol para cegos e outras atividades. Será um dia de diversão, interação e incentivo para todos assistirem e acompanharem nossos atletas, que já conquistaram diversas medalhas”, completou o diretor da Braskem.
O profissional de educação física Everaldo Ferraz, 29 anos, que atende pessoas com deficiência intelectual e física, ficou surpreso com o espaço. “Cheguei hoje aqui no Ibirapuera e vi a arena. Como já tinha trabalhado na área, isso despertou minha curiosidade”, disse. Ele revelou que estava ali, na arena, com duas crianças autistas.
“Eles aproveitaram muito bem o espaço. E foi importante trazer para eles a perspectiva do esporte adaptado, agora com a temática das Paraolimpíadas. Esse espaço aqui traz conhecimento para a população em geral, que muitas vezes não tem perspectiva do quão difícil é o esporte adaptado. É importante valorizarmos ainda mais isso”, disse ela.
“As Paraolimpíadas são um evento que valoriza e dá a conhecer nossos atletas ao mundo – e o Brasil é referência nisso. Nas últimas Olimpíadas fomos recordistas, quebrando o recorde, com 72 medalhas conquistadas. Apesar da falta de estrutura, o Brasil é referência, com atletas guerreiros”, destacou.
A professora Lilian Espindola, 53 anos, também descobriu o espaço por acaso. “Vim passear aqui no Ibirapuera e me deparei com essa estrutura e fiquei curiosa para vir conhecer”, disse ela. Durante esta visita, ela aproveitou para praticar futebol para cegos. “E já estou na fila do tênis de mesa [em cadeira de rodas]”, brincou.
“Eles [monitores] Eles me vendaram os olhos e inicialmente fizeram algum treinamento para nos familiarizar com o som da bola. Mas é muito difícil e muito complicado estar num ambiente que você não conhece, saber os limites e onde você está. E ainda tem que encontrar a bola e chutar para o gol. É bastante complicado. Mas achei ótima a experiência”, disse a professora. “Acho que os esportes paralímpicos deveriam ser muito mais apoiados e muito mais divulgados. Infelizmente só temos os principais jogos na TV aberta. Os atletas paraolímpicos têm pouco espaço na mídia. Acredito que deveria ser mais divulgado”, sugeriu Lilian.
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