A recente comunicação do Banco Central (BC) foi criticado nesta sexta-feira, 30, em painel no Expert, evento da XP Investimentos, que reuniu ex-diretores do município, além do ex-presidente Gustavo Franco.
A avaliação é que, após ruídos gerados no mercado, a gestão do BC fez uma inflexão, no esforço de reforçar que não está comprometida com a próxima decisão sobre juros.
Essa percepção de ajuste na comunicação ficou mais clara nas declarações anteriores do presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçando a posição dependente da autoridade monetária.
O ex-diretor de política econômica do Banco Central (BC), Carlos Viana, chefe de pesquisas do Kapitalo, julgou que a comunicação do BC tem sido confusa.
A “prova clara” de que não está lubrificada, apontou, foi a correcção “intradiária” feita pelo mesmo “decisor político”.
Embora sem citar seu nome, ele se referiu ao diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que na quinta-feira da semana passada declarou que seu discurso foi mal interpretado pelo mercado, deixando claro que o BC não hesitaria em aumentar os juros. se necessário.
Na mesma linha, Fernanda Guardado, ex-diretora de relações internacionais do BC, avaliou que a comunicação recente teve acidentes ou equívocos.
Para ela, que é chefe de pesquisas macroeconômicas para a América Latina do BNP Paribas Brasil, o BC busca agora trazer a interpretação dos agentes de mercado de volta à mensagem da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, que indicou a possibilidade das taxas de juros sobem ou permanecem estacionárias nos atuais 10,5% ao ano.
Lembrando que o regime de metas de inflação depende da coordenação de expectativas, Gustavo Franco disse que se preocupa ao saber que há problema de comunicação no BC.
“Quando isso acontece, você não tem problema de comunicação, você tem problema”, afirmou o ex-presidente do BC e sócio da Rio Bravo Investimentos.
Na esteira das declarações feitas nesta sexta-feira por Campos Neto, apontando erro na precificação da curva de juros de curto prazo, e alertando que o ciclo de elevação dos juros, se acontecer, será gradual, os participantes do painel avaliaram que um aumento da taxa de juro de 0,25 pontos percentuais está a caminho. Viana considerou, no entanto, que a comunicação tem mudado muito.
Gustavo Franco destacou que se nada acontecer do lado fiscal, como sinal claro de controle dos gastos públicos, a alta dos juros ganhará força, aumentando a irritação no Palácio do Planalto, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico do a obra de Campos Neto.
O sócio da Rio Bravo lembrou que, antes da autonomia da instituição, os presidentes da República não reclamavam publicamente dos chefes do BC porque sabiam que seriam questionados sobre o motivo de simplesmente não os demitirem. “Agora que não podemos demitir pessoas, podemos reclamar abertamente”, disse ele.
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