Ao longo de 2024, a República Democrática do Congo (RDC) notificou cerca de 18 mil casos prováveis ou suspeitos de mpox e 629 mortes causadas pela doença – incluindo mais de 5 mil casos e 31 mortes registadas nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, onde a nova variante 1b foi identificada.
“O número de casos notificados da nova variante tem aumentado rapidamente há várias semanas. Felizmente, foram registadas relativamente poucas mortes nas últimas semanas”, destacou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Dados da entidade mostram ainda 258 casos da variante 1b confirmados no Burundi; quatro em Ruanda; quatro em Uganda; e duas no Quénia, bem como uma na Suécia e uma na Tailândia – as primeiras infecções fora do continente africano. “Também continuamos preocupados com surtos da variante 1a [mais antiga] em outras partes da RDC”, disse Tedros.
Durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (30), em Genebra, o diretor-geral da OMS relatou ter se reunido com o presidente da RDC, Félix Tshisekedi, que prometeu US$ 10 milhões para combater o surto na região. “Também me reuni com parceiros globais e locais para discutir o aumento da vacinação contra outras doenças, incluindo a poliomielite, o sarampo e a malária.”
Vacina
Tedros destacou que a OMS está a mobilizar-se para acelerar o acesso e a distribuição de vacinas MPox na RDC e nos países vizinhos que enfrentam surtos. Segundo ele, os fabricantes de duas vacinas que previnem a doença entregaram à entidade, na última sexta-feira (23), os pedidos de uso emergencial das doses.
“Estamos analisando essa documentação o mais rápido possível. A segurança e a eficácia das vacinas são as nossas maiores prioridades. Não tomaremos nenhum atalho”, disse Tedros. “Os dois principais compradores de vacinas para países de baixa renda, Gavi [Aliança Mundial para Vacinas e Imunização] e Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância]exigir autorização da OMS para uso emergencial em países que ainda não possuem autorização local”, acrescentou.
“A necessidade de autorização da OMS para uso emergencial, no entanto, não é uma barreira na RDC. A agência reguladora do país aprovou ambas as vacinas contra a mpox em junho deste ano e o governo apelou para doações de doses de países de alta renda”, destacou o diretor.
Testes, medicamentos e pesquisas
Segundo Tedros, a OMS solicitou, nesta quinta-feira (29), que os fabricantes de testes para diagnóstico de mpox também apresentem manifestações de interesse para uso emergencial. “Hoje recebemos a primeira manifestação de interesse”, disse.
“Nos últimos dois dias, realizámos reuniões com investigadores para identificar prioridades na investigação do mpox e auxiliar numa abordagem coordenada e colaborativa no desenvolvimento de vacinas, testes e medicamentos”, acrescentou. “É importante destacar que, apesar de ser uma ferramenta poderosa, as vacinas não são a única ferramenta para combater a mpox.”
O diretor-geral da OMS lembrou que o surto da nova variante 1b ocorre numa das regiões mais pobres e inseguras da RDC, dificultando a resposta contra a doença. “O que esta região da RDC precisa, mais do que qualquer outra coisa, é de uma solução política para a insegurança, especialmente no leste.”
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