BC poderá fazer novas intervenções no câmbio ‘se for preciso’, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que novas intervenções no câmbio poderão acontecer, caso a autoridade monetária considere necessária.

Hoje, pela primeira vez em dois anos, o BC realizou no mercado um leilão à vista de dólares, no valor de US$ 1,5 bilhão.

— Entendemos, como foi anunciado ontem, que o BC precisava fazer essa intervenção para equilibrar esse fluxo. Estamos mapeando. Se forem necessárias mais intervenções, faremos — disse Campos Neto, participando do XP Expert, evento promovido pela XP Investimentos, na capital paulista.

A última vez que o BC realizou a operação foi em abril de 2022. O leilão do dólar aconteceu entre 9h30 e 9h35 desta sexta-feira, tendo como referência a taxa Ptax.

Apesar da intervenção, a moeda começou o dia com valorização. Por volta das onze horas da manhã, o dólar comercial subia 0,85%, sendo negociado a R$ 5,67. Antes, estava perto de R$ 5,70.

Campos Neto afirmou que o câmbio precisa estar flutuando porque tem a função de absorver choques e disse que o BC “está sempre conversando e observando o cenário”.

Quando há um momento de “disfuncionalidade, ele faz intervenções”, acrescentou.

—Entendemos que hoje vivemos um movimento atípico de fluxo devido ao reequilíbrio do índice […]. Cabe ao Banco Central mapear o tamanho desse desequilíbrio e quanto ele precisa para suprir esse fluxo, o que é atípico — disse o presidente do BC.

O presidente do BC afirmou que a autoridade entendeu que a intervenção foi necessária devido a uma “mudança muito grande nos fundamentos”, e disse que a tomada de decisão sempre parte da “mesa” do BC.

— O processo de decisão cambial sempre vem da mesa do Banco Central, com o diretor de política monetária (Gabrel Galípolo), que fala comigo. A gente discute isso e quando é um tema mais importante envolve outros diretores. Não intervimos no curto prazo, olhando o movimento de uma hora.

O anúncio do leilão ocorreu um dia depois de o governo nomear oficialmente Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, como sucessor de Campos Neto na presidência do BC. Ele ainda terá que passar por sabatina no Senado.

Na quinta-feira, o dólar subiu 1,2% e encerrou o dia cotado a R$ 5,62, acompanhando a divulgação de indicadores econômicos nos EUA que mostram que a economia americana está mais aquecida do que o esperado.

Uma mudança no índice MSCI, referência mundial para fundos internacionais, também gerou expectativas de influência no mercado, com saída significativa de recursos do Brasil. O índice passará a incluir ações de empresas brasileiras negociadas no exterior, como Nu Holdings, StoneCo, PagSeguro, XP e Banco Inter.