Crise entre aéreas brasileiras não tem reduzido compra de aeronaves, diz CFO da Embraer

O CFO da Embraer, Antonio Garcia, avalia que a crise financeira observada nas principais companhias aéreas brasileiras, principalmente Gol e Azul, não está interferindo no volume de compras de novas aeronaves.

“A Azul continua comprando. Normalmente eles conseguem com locadoras, que é a maior parte das nossas entregas neste ano”, disse.

Ainda sobre o cenário específico da Azul, que preocupa o mercado devido às informações divulgadas nesta quinta-feira, Garcia afirma que a Embraer “tem muita confiança no modelo de negócios da empresa”. “É complicado para eles, mas achamos que vão sair dessa”, afirma o CFO.

A liberação de R$ 5 bilhões em crédito para empresas, medida desbloqueada com mudanças na lei do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), foi bem recebida pela Embraer, diz Antonio Garcia. Isso porque, entre as possibilidades de utilização dos recursos está o financiamento para compra de novas aeronaves.

“Se o governo quer ajudar a indústria com todos os nossos clientes, obviamente, vemos isso como uma visão favorável. Porque é para ajudá-los a comprar nossos produtos”, afirma o CFO. O representante destacou que a colaboração estatal é ainda mais forte via BNDES.

“43% das aeronaves comerciais de exportação são financiadas pelo BNDES”, disse ao se referir às vendas deste ano. Com percentual de 43%, o volume está acima da média dos últimos 10 anos, que fica perto de 35%.

Latam em operações regionais

O CFO também comentou sobre os diálogos com a Latam para a compra de até 30 aviões da Embraer, que seriam utilizados para a empresa começar a operar na aviação regional.

“Entendemos que temos um bom produto para a Latam aumentar a capilaridade no Brasil, agora depende da decisão deles. Acho que há vontade política dos dois lados, mas ainda não chegou em nada concreto”, disse Antonio Garcia.

A aquisição foi incentivada publicamente pelo governo, que defende maior participação das aeronaves da Embraer nas operações domésticas. O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, defende que é possível dobrar a participação das aeronaves na aviação nacional, que representa atualmente cerca de 12%.