Os incêndios florestais sem precedentes de 2023 colocaram o Canadá entre os quatro países que mais emitem CO2 no mundo, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (28).
O relatório também levanta questões sobre a capacidade futura das florestas canadianas de capturar e armazenar quantidades significativas de dióxido de carbono.
No ano passado, foi registado um número catastrófico de incêndios florestais em todo o país norte-americano, com 15 milhões de hectares queimados (cerca de 4% da área florestal total do Canadá) e mais de 200.000 pessoas deslocadas.
Ao analisar dados de satélite sobre a presença de monóxido de carbono em colunas de fumaça de incêndios ocorridos entre maio e setembro do ano passado, os pesquisadores determinaram que foram liberadas 2.371 megatoneladas de CO2, o que elevou a posição do Canadá do 11º para o 4º lugar entre os maiores emissores de dióxido de carbono. no mundo.
Assim, em 2023 o Canadá ficou atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Índia.
Os investigadores alertam que se prevê que o clima quente e seco responsável por estes incêndios se torne a norma na década de 2050 e “é provável que conduza a um aumento na atividade dos incêndios”.
“Isso levanta preocupações sobre se incêndios potencialmente mais frequentes e intensos nas próximas décadas suprimirão a capacidade das florestas canadenses de continuarem servindo como sumidouros de carbono”, disse Brendan Byrne, principal autor do estudo, à AFP.
A floresta boreal do Canadá, uma vasta faixa que se estende do Oceano Pacífico ao Atlântico, contém quantidades significativas do que é conhecido como CO2 “sequestrado”.
O CO2 libertado pelos incêndios é frequentemente reabsorvido à medida que as florestas queimadas voltam a crescer ao longo de décadas.
Mas o aumento da dimensão e do número de incêndios anuais, combinado com as secas em algumas regiões, pode fazer com que demorem mais tempo a voltar a crescer.
Isto, por sua vez, “poderia suprimir a absorção de carbono pelas florestas”, aponta o estudo.
O Canadá teria de ajustar para baixo o seu nível permitido de emissões de combustíveis fósseis para “compensar a menor absorção de carbono pelas florestas”, conclui.
Ao abrigo do Acordo de Paris, Otava comprometeu-se a reduzir as suas emissões de carbono em 40% a 45% até 2030, em comparação com os níveis de 2005.
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