O Congresso Nacional convocou uma sessão conjunta para esta quinta-feira, às 11h, com todos os deputados e senadores. A expectativa é que sejam votadas novas regras para a operacionalização das emendas parlamentares.
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), discutiram com o governo uma proposta para cumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o Legislativo forneça transparência e rastreabilidade nas transferências desses recursos.
Lira e Pacheco se reuniram para discutir o assunto na manhã desta terça-feira, 27. No mesmo dia, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), se reuniram com Lira para discutir a proposta. Nesta quarta-feira, 28, Guimarães compareceu a uma reunião no Palácio do Planalto sobre o tema, que contou também com a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa, do procurador-geral da União, Jorge Messias, e de outros líderes do Congresso.
Enquanto isso, as alterações obrigatórias permanecem suspensas por decisão do ministro Flávio Dino, do STF, que foi referendada por unanimidade pelo plenário da Corte.
No caso das alterações da comissão, a nota conjunta divulgada pelos três Poderes diz que “serão destinadas a projetos de interesse nacional ou regional, definidos de comum acordo entre o Legislativo e o Executivo, conforme procedimentos a serem estabelecidos no prazo de dez dias”. .
A liderança do Congresso, porém, estuda maneiras de não perder tanto poder sobre os recursos para emendas das comissões. Uma das ideias é que os líderes partidários assinem as emendas e negociem a destinação dos recursos com o governo. A questão, porém, é se o STF e o Executivo aceitarão que os autores individuais das emendas da comissão não sejam identificados.
As emendas da Comissão funcionam hoje na mesma lógica do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e declarado inconstitucional pelo Supremo. Não é possível identificar o parlamentar que indicou o orçamento, e a negociação é utilizada por quem comanda o Congresso para manter o poder político. Essa “moeda de barganha” é vista como crucial para que Lira, por exemplo, articule sua sucessão.
Lira disse a interlocutores que “não houve vencedores nem perdedores” no pacto entre Congresso, STF e Planalto sobre as emendas. A avaliação feita pelo presidente da Câmara aos aliados é que todos alcançaram o seu objetivo: o Judiciário garantirá mais transparência das alterações; O Congresso manterá o atual volume de recursos e a imposição de emendas de bancadas individuais e estaduais; e o governo conseguiu um bloqueio para evitar que as emendas crescessem desproporcionalmente no Orçamento.
As emendas parlamentares são recursos do Orçamento da União que podem ser direcionados pelos deputados e senadores aos seus redutos eleitorais. Hoje, são três modalidades: emendas individuais, a que cada deputado e senador tem direito, emendas de bancada estadual e emendas de comissão. Os dois primeiros são obrigatórios, ou seja, o pagamento é obrigatório, embora o governo controle o ritmo de liberação.
No caso das “emendas do Pix”, o Congresso definirá o “objeto”, ou seja, para qual obra ou política pública foram utilizados os recursos, o que hoje não está claro.
Batizadas em homenagem ao sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, as “emendas pix” são uma forma de gerenciar emendas individuais e permitem a destinação direta de recursos federais a Estados e municípios, o que agrada deputados do chamado “baixo clero”.
Na opinião da direção da Câmara, o acordo “institucionalizou” a modalidade, que corria risco até de ser extinta.
Sobre as alterações de bancada, a nota conjunta dos três Poderes diz que “serão destinadas a projetos estruturantes em cada Estado e no Distrito Federal, conforme definição da bancada, sendo vedada a individualização”. Há resistência dos parlamentares, porém, em direcionar esses recursos apenas para projetos estruturantes. Há uma avaliação de que outras eleições para prefeituras poderiam estar comprometidas.
Há também negociação sobre o valor das alterações. O deputado Claudio Cajado (PP-BA), relator da lei-quadro, por exemplo, defende vincular o crescimento das emendas ao teto de 2,5% acima da inflação estabelecido na regra fiscal para o aumento das despesas governamentais.
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