Cerca de 43% dos municípios catarinenses perderam mata nativa em 29 anos, segundo levantamento do MapBiomas. Especialista em Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes afirma que Santa Catarina está em uma “trajetória de desmatamento”, mesmo sendo o estado que melhor preserva o bioma.
A Mata Atlântica é o único bioma de Santa Catarina. De acordo com o MapaBiomascerca de 45% do território catarinense é coberto por mata nativa, acima da média nacional, que é de 30%.
Diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenador da Equipe Mata Atlântica do MapBiomas, Luis Fernando Guedes desenhou o panorama catarinense.
“O acervo do MapBiomas mostra que de 1985 a 2023 o Estado caminhou pelo desmatamento. Então em 1985 a área de vegetação nativa no estado era de 53%, em 2023 era de 45%. Então a Mata Atlântica perdeu 8% da sua área de vegetação nativa, o que é muito”, explicou.
Reposição da Mata Atlântica ameniza, mas não resolve o problema
O diretor de Controle e Passivo Ambiental do IMA (Instituto Ambiental de Santa Catarina), Diego Hemkemeier Silva, explica que a perda de mata nativa não significa necessariamente crime ambiental.
“Muitas vezes são empreendimentos licenciados que, por lei, podem ter essa autorização para remover vegetação legalmente”, explica.
“Nos últimos anos tivemos uma redução pelo aumento dos controles ambientais, pelo avanço das tecnologias e pela legislação ambiental que evoluiu”, completa.
Por outro lado, Eduardo Velez, que integra a equipe do MapBiomas Pampa, Fogo, Água e Degradação, destaca que a perda de floresta nativa significa desmatamento.
“O ideal é não perder a floresta nativa porque é um sistema complexo que leva centenas de anos para atingir um estado avançado de associação vegetal que corresponda a um ecossistema com um nível de complexidade que proporcione saúde ecológica”, reforça.
Segundo ele, as interações biológicas que ocorrem à medida que a floresta amadurece determinam a forma como a água se infiltrará no solo, a presença de espécies polinizadoras e a regulação do clima.
“Nos casos em que há conversão excessiva, a reposição florestal é uma forma de amenizar esse problema. Claro que a restauração é um processo de início da reestruturação desse ambiente natural e que leva muitos anos para atingir a maturidade em uma área que ainda não foi desmatada”, afirma Eduardo.
A lei de preservação de Santa Catarina é mais rígida do que em outros estados
Além dos meios legais de supressão da mata nativa, Diego Hemkemeier explica que os crimes ambientais que Santa Catarina sofre estão associados à expansão irregular da agricultura no Oeste e à expansão habitacional irregular no Litoral.
Hemkemeier reforça que além das leis ambientais existentes, o Estado possui leis adicionais que regulamentam e preservam a Mata Atlântica, o que garante um controle mais rígido e um maior nível de preservação.
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