Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – Alguns dos cinco presos suspeitos de atear fogo em canaviais no Estado de São Paulo se declararam ligados à facção criminosa PCC e agiram com a motivação de retaliar o combate ao crime realizado pelo Governo de São Paulo, disse ele na terça-feira – disse o secretário estadual da Agricultura, Guilherme Piai, à Reuters.
“Não sabemos bem a motivação, alguns se declararam ligados ao PCC, outros queriam ingenuamente se vingar do agronegócio, que é o verdadeiro aliado do Brasil, o motor da nossa economia…”, disse, no intervalo de evento do setor em São Paulo.
Incêndios em canaviais no Estado de São Paulo destruíram milhares de hectares na semana passada, causando prejuízos milhões aos produtores.
A Polícia Federal investiga o caso, em conjunto com o governo de São Paulo.
Segundo o secretário, alguns incêndios em canaviais de São Paulo começaram na mesma época, o que indica que não foi acidental, conforme apurado por meio de imagens de satélite.
Com as queimadas nos canaviais, o crime organizado pode estar tentando retaliar o governo paulista pelo combate aos combustíveis adulterados.
“O governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, Secretaria da Fazenda, está trabalhando fortemente contra os combustíveis adulterados”, destacou Piai.
“Hoje o crime organizado comprou algumas usinas em recuperação judicial, comprou centenas de postos de gasolina e talvez essa seja uma forma de retaliação por esse trabalho contra o crime organizado”, acrescentou.
Mais cedo, o secretário afirmou que as queimadas geraram “perdas bilionárias para o agronegócio paulista”, enquanto só o setor sucroenergético perdeu 400 milhões de reais, disse ele, na abertura de evento da Associação Nacional de Difusão de Fertilizantes (Anda ).
Durante discurso, o secretário qualificou os incêndios ocorridos na semana passada como “criminosos” e acrescentou que a polícia prendeu um quinto suspeito de envolvimento nos crimes. A prisão ocorreu em São José do Rio Preto, segundo ele.
Piai disse que o governo de São Paulo vai liberar crédito para os pequenos produtores afetados e para aqueles que tiveram suas casas incendiadas. O secretário contabilizou 150 municípios afetados.
As perdas resultantes dos incêndios da semana passada nos canaviais do Estado de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil, foram estimadas em 350 milhões de reais, com o fogo afetando mais de 1% das lavouras paulistas, segundo avaliação do Organização das Associações Brasileiras de Produtores de Cana-de-Açúcar (Orplana), segundo levantamento divulgado na véspera.
Ainda durante o evento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também qualificou as queimadas nos canaviais como criminosas, mas não deu detalhes.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não respondeu de imediato ao pedido de comentários sobre a informação.
O Sindicato da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul do Brasil, afirmou que não comenta as investigações em andamento.
(Por Roberto Samora)
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