Carlos Piani, presidente do conselho do Grupo Equatorial, será nomeado presidente executivo da Sabesp (BVMF:) esta semana, segundo fontes familiarizadas com a mudança. O grupo se tornou o acionista de referência da empresa de saneamento paulista, com a compra de 15% de suas ações por R$ 6,9 bilhões no mês passado. Agora, ele nomeará Piani, cuja nomeação havia sido antecipada pelo Estadão/Transmissão. O nome ainda precisa ser referendado no conselho de administração e na assembleia de acionistas da Sabesp, mas sua aprovação não deverá enfrentar resistências. A previsão é que ele tome posse em outubro.
Além de presidir o conselho do grupo, Piani faz parte de outros cinco órgãos, entre eles Vibra Energia (BVMF:), Ambipar (BVMF:) e Hapvida (BVMF:). Aos 51 anos, foi presidente das construtoras PDG Realty (BVMF 🙂 e Kraft Heinz (NASDAQ 🙂 no Canadá, além de sócio da gestora Vinci Partners (NASDAQ :). Também esteve à frente da distribuidora maranhense Cemar (SO 🙂 (Equatorial Energia (BVMF 🙂 Maranhão), na qual conseguiu universalizar a cobertura do sistema, com apoio do programa Luz para Todos.
Piani vai assumir o gigante paulista que atende 28,1 milhões de pessoas em 371 municípios numa corrida contra o tempo: a meta de saneamento universal foi antecipada de 2033 para 2029 pelo governo do Estado, no processo de privatização. Isso significa incluir no sistema Sabesp os cerca de 20% da população – além desses 28 milhões de habitantes – que não têm acesso a serviços de água ou saneamento (ou ambos).
Para isso, estima-se que a empresa precisará de cerca de R$ 70 bilhões no período, que deverão ser provenientes da geração de caixa da empresa, além de recursos do mercado e de ganhos de produtividade na empresa. A Sabesp faturou R$ 40 bilhões em 2023, com lucro consolidado de R$ 2,8 bilhões. Existem regras rígidas para distribuição de dividendos nesse período, que cairão caso as metas de universalização não sejam alcançadas.
Além de já ter mapeado as frentes que precisam ser atacadas com maior urgência, em trabalho realizado nos últimos meses pelo próprio Grupo Equatorial, a ideia é contar com corpo técnico próprio da Sabesp, considerado muito qualificado pelo novo controlador. Também tiveram ganhos de produtividade com a aceleração e implantação de processos, bem como melhorias na seleção de fornecedores e sistemas, antes feitas por meio de licitações e que nem sempre resultavam na escolha dos melhores nomes, devido a essa restrição.
Equipe será mantida
Não estão previstos inicialmente cortes de funcionários ou planos de demissão voluntária (PDV). Pelo contrário. Sem realizar concursos públicos há mais de dez anos, a Sabesp sofre com a falta de pessoal. Pela falta de licitações públicas, há também um grande número de fornecedores terceirizados, que devem ser incorporados ao quadro de funcionários da empresa.
O fato do Grupo Equatorial ser um dos maiores investidores entre as empresas de capital aberto, com R$ 11 bilhões destinados ao crescimento da operação no ano passado, é considerado uma vantagem devido ao seu histórico nesse tipo de tomada de decisão.
O setor de saneamento, porém, encontra-se em fase de investimentos anterior ao setor energético, no qual a Equatorial teve sua origem. Portanto, os pesados gastos nesta primeira fase da Sabesp tendem a ter retorno no longo prazo, quando a universalização deverá agregar cerca de 4 milhões de consumidores à sua base de clientes.
Processo semelhante
Durante sua passagem pelo Banco Pactual, no início dos anos 2000, Piani participou da criação da holding Equatorial Energia e da estruturação do investimento na Cemar, que comandou entre 2006 e 2010. De distribuidor sob intervenção da Nacional Agência de Energia Elétrica (Aneel) e pré-falência, a Cemar tornou-se uma operação de sucesso. No ranking da Aneel, a Equatorial Maranhão foi uma das que mais melhorou, subindo seis posições no atendimento.
Esta experiência pode ser essencial para evitar situações como a que ocorreu com Enel (BIT:) em São Paulo, após os apagões que deixaram centenas de milhares de pessoas sem eletricidade durante semanas no ano passado. A ideia é priorizar quem hoje não recebe atendimento, seja na zona urbana, rural ou com ligações clandestinas.
Moradores do Vale do Ribeira e regiões litorâneas estão na lista. A concessionária também terá a obrigação de atender clientes em áreas rurais após três anos de operação, o que cria um desafio adicional que atualmente não existe na operação. Envolve também redobrar a atenção para quem já é atendido hoje.
O fato do governo do Estado ter participação na empresa de saneamento é considerado essencial principalmente para a busca pela redução de ligações clandestinas, bem como para o cuidado das operações em mananciais, uma vez que a empresa precisará contar com o poder público nesta regularização . Outra frente em que esta parceria deve ser fortalecida é nas questões de emergências ambientais, que deverão se intensificar com a tendência de maior escassez hídrica no Estado de São Paulo.
Cotado para ocupar a presidência da Vale (BVMF:) e da Vibra, Piani começou a atuar no mercado financeiro em 1998, como analista do banco de investimentos Pactual. Seu plano inicial, porém, era diferente: levar o nome do Brasil ao mundo através do judô.
Chegou a abandonar a faculdade para viajar com a seleção brasileira de juniores, com o sonho de uma Olimpíada ou de um Mundial. Acabou deixando o esporte um ano e meio depois, quando percebeu que era um bom judoca, mas não o suficiente para estar no seleto grupo dos que ganhariam medalha.
Depois de comandar a Kraft Heinz no Canadá, Piani retornou ao Brasil em 2020. Com dois sócios, montou a HPX, uma “empresa de cheque em branco” que uniu forças com a Response, do Grupo Ambipar. Ele também investiu dinheiro e dirigiu a Modular Data Centers, que constrói componentes modulares para data centers. (Elisa Calmon colaborou).
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