Depois que a Justiça Eleitoral determinou a suspensão das redes sociais de Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, o influenciador convocou seus mais de 13 milhões de seguidores a se inscreverem em seus grupos no Telegram e WhatsApp. Na prática, a estratégia é uma forma de driblar a decisão judicial, permitindo ao candidato manter sua forte presença digital. Marçal classificou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) como censura.
Na manhã deste sábado, 24, Marçal abriu uma transmissão ao vivo no Instagram para anunciar que perderia o acesso às redes e criticou a decisão. “Como não consigo ganhar a votação, há pessoas que querem me impedir, há pessoas que querem me matar”, disse ela. Entre os candidatos a prefeito de São Paulo, Marçal tem a maior presença na internet, com 13 milhões de seguidores apenas no Instragram. O deputado Guilherme Boulos (PSOL) é o segundo maior nas redes sociais, com 2,3 milhões.
Durante a transmissão, que durou cerca de 15 minutos e foi assistida por mais de 50 mil pessoas, Marçal não poupou críticas aos adversários na corrida eleitoral, afirmando que precisará adotar novas estratégias e que a disputa será “muito pesada”. . Nos dois primeiros debates eleitorais, Marçal atacou Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que demonstraram desconforto com a agressividade do influenciador e falta de modéstia em suas acusações.
Marçal afirmou ainda que espera que as plataformas digitais não cumpram a decisão judicial. “Espero que o gol [controladora do Facebook (NASDAQ:) e Instagram] não deixe cair [minhas contas]. Eu, que hoje sou o maior cliente da Meta no Brasil, espero que ela não aceite tal decisão. Se há algo errado [nas minhas redes sociais]aponte e eu vou consertar”, declarou, acrescentando que a suspensão de suas contas só o fortalecerá.
Marçal apela a Bolsonaro por apoioO influenciador também apelou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para apoio à sua candidatura a prefeito de São Paulo, apesar de Bolsonaro estar comprometido com a reeleição de Ricardo Nunes na capital paulista e de ter criticado Marçal nos últimos dias. “Bolsonaro, nós lutamos por você, não faz sentido você apoiar Nunes”, disse Marçal, acrescentando: “Pelo amor de Deus, Bolsonaro, o que há por trás disso?
“Você é um cara que sempre acreditamos ser livre. Você nos prometeu liberdade neste país e está abaixando a cabeça, capitão. Foi isso que você aprendeu no Exército Brasileiro, capitão?”, concluiu sobre o primeiro. presidente.
Marçal também apelou aos seus seguidores, orientando-os a gravar vídeos nas redes sociais relatando a suspensão das suas contas e profetizando a sua vitória no primeiro turno. A estratégia de convidar seguidores para grupos no Telegram e WhatsApp conta com o apoio da campanha PRTB e de aliados de Marçal, que têm compartilhado arte incentivando os apoiadores do ex-técnico a migrarem para esses aplicativos de mensagens.
A decisão é preliminar e temporáriaO TRE-SP decidiu, liminarmente, suspender as contas de Pablo Marçal no Instagram, YouTube, TikTok, X (antigo Twitter), além do site do influenciador. A decisão atende a uma Ação de Inquérito Judicial Eleitoral (AIJE) movida pelo PSB, que lançou a deputada federal Tabata Amaral na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
A principal alegação do PSB é que Marçal teria adotado uma estratégia de cooptação e remuneração de funcionários pela produção em massa de cortes (vídeos curtos e descontextualizados) de seu conteúdo nas redes sociais. O PSB argumenta que esta prática configura abuso de poder econômico e uso indevido de redes sociais, com o objetivo de impulsionar artificialmente a imagem de Marçal e beneficiá-lo na disputa eleitoral.
O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, encontrou indícios de abuso de poder econômico e uso indevido da mídia na remuneração de usuários para produzir e divulgar cortes nas redes sociais.
Segundo o juiz, não há transparência sobre o fluxo de recursos utilizados para rentabilizar o material. “Ressalte-se que existe documento que demonstra que um dos pagamentos partiu de uma das empresas pertencentes ao réu Pablo, o que poderia constituir uma série de infrações”, escreveu.
Apesar da suspensão das redes sociais, o juiz não proibiu Marçal de criar novas contas. Além disso, destacou que a decisão não impede a propaganda eleitoral do candidato em si, mas apenas a monetização dos cortes por meio de terceiros.
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